O presidente Michel Temer admitiu nesta segunda-feira que o governo terá dificuldade para aprovar a reforma da Previdência. Na abertura de reunião de líderes da base aliada da Câmara dos Deputados, ele disse que continuará empenhado na aprovação da reforma, mesmo que a sociedade, a imprensa e os parlamentares não demonstrem interesse em mudar as regras da aposentadoria do país.
“Se, em um dado momento, a sociedade não quer, a mídia não quer e a combate, e naturalmente o Parlamento, que ecoa as vozes da sociedade, não quiser aprová-la, paciência. Eu continuarei a trabalhar por ela, porque sei da importância da reforma da Previdência. Não é apenas em função de uma coisa de futuro, mas de uma coisa para já”, afirmou Temer.
Em um recado à imprensa, Temer afirmou que governo terá dado certo mesmo se a reforma não for aprovada. “A reforma da Previdência é a continuação importante, fundamental para fecho das reformas que estamos fazendo. […] Por mais que não se consiga fazer tudo, se permita que quem venha depois, mais adiante, que possa fazer uma nova revisão da Previdência Social”.
Para Temer, somente a reforma possibilitará ao país retomar os investimentos que vão impulsionar a geração de empregos. “Muitos pretendem derrotá-la, porque, derrotando-a, derrotam o governo, mas não é verdade: derrotam o Brasil”, afirmou o presidente.
Repactuação da base
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que cabe ao governo do presidente “repactuar” a sua relação com a base aliada a fim de tentar garantir os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Casa.
Maia disse que os deputados estão “machucados” após o “desgaste” por que passaram ao rejeitar as duas denúncias contra Temer. Para ele, o Executivo tem de conversar com os parlamentares da sua base a fim de discutir e votar a reforma.
“Tem desgaste e cabe ao governo reorganizar a sua base e repactuar a sua base para que a gente possa voltar a ter número suficiente para votar a Previdência”, disse Maia, em entrevista a jornalistas na saída da reunião de líderes da Câmara.
Maia disse que a não votação da reforma não pode ser creditada como culpa do centrão, do PSDB ou do DEM.
“É ruim querer responsabilizar A, B ou C aqui. Nós passamos cinco meses aqui em momento de muita tensão e desgaste na base”, disse, numa referência indireta à delação da J&F que implicou Temer.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)