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‘Temos que enriquecer o debate do Sistema S’, diz diretor do Sesc SP

Experiente gestor cultural, Danilo Santos de Miranda diz não acreditar em outro modelo de financiamento que não tenha a contribuição compulsória como fonte

Por Marcelo Sakate Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 dez 2018, 10h04 - Publicado em 21 dez 2018, 08h01
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  • As declarações do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, de que pretende “meter a faca no Sistema S”, causaram preocupação nas entidades que prestam os serviços sociais dependentes dos recursos citados. Diretor do Sesc São Paulo há 34 anos e um experiente gestor de atividades culturais, Danilo Santos de Miranda, 75 anos, diz estar aberto a debater com a sociedade o modelo de funcionamento do Sistema S, mas se queixa de que é preciso fazer uma discussão pautada em informações, e não com opiniões pré-concebidas. Além disso, defende que a avaliação dos benefícios dos programas dos Sesc São Paulo não leve em conta apenas os custos envolvidos. “Temos que enriquecer o debate”, afirma. O Sesc São Paulo é uma potência na promoção de atividades culturais, esportivas e de lazer: ao fim deste ano, as suas 44 unidades espalhadas pelo estado terão recebido 26 milhões de visitantes. A seguir, a entrevista que Danilo deu a VEJA por telefone:

    É possível aperfeiçoar a gestão das entidades do Sistema S? E o Sesc SP? Toda instituição ou empresa tem sempre que buscar a excelência e melhorar o seu desempenho. É o que estamos fazendo. O Sesc tem 72 anos e não é o mesmo do passado. Buscamos intensamente melhorar a nossa gestão para prestar o melhor serviço com os recursos que temos. Isso é algo que já entendemos como vital para o Sesc, independentemente de qualquer incentivo ou ameaça de fora. Por exemplo, estamos ampliando cada vez mais os serviços do Sesc São Paulo que estão disponíveis à população pela internet.

    A principal fonte de receita do Sesc São Paulo são as contribuições compulsórias das empresas do comércio, que, por sua vez, dependem do ritmo da economia. O que acontece quando as receitas caem? A gente diminui o ritmo do que pretende fazer. Se temos um projeto com previsão de entrega em dois ou três anos, por exemplo, reduzimos o ritmo das obras e levamos mais tempo para entregar. Depende do fluxo de receitas. Deixamos de fazer ou adaptamos programas culturais que pretendíamos promover. Já faz parte do nosso dia a dia cortar na própria carne. Aprendemos a administrar a escassez de recursos mesmo quando eles existem em abundância.

    Os benefícios do Sesc São Paulo para a população são evidentes, como polo de cultura e lazer para a população e raro espaço de convívio público. Sendo assim… Exato, não é um benefício a mais. Temos um caráter essencial para o desenvolvimento da sociedade e a busca por uma cidadania mais completa. E isso será afetado se tivermos que reduzir o nosso tamanho.

    …Ou seja, dada a sua importância indiscutível, não é possível buscar fontes complementares de receita para o Sesc? Eu não acredito nisso. Fonte complementar seria buscar recursos na própria operação do Sesc. Isso hoje não chega a algo entre 15% e 18% das despesas com o nosso funcionamento. Isso é decidido de forma estratégica, para que o frequentador do Sesc participe de alguma forma: cobramos valores que julgamos adequados para os nossos serviços. São valores de caráter social, não de mercado. Tem um caráter didático, de formação de hábitos (de pagamento) para as pessoas que fazem uso dos serviços e da programação. Não tem quase nada de graça no Sesc. Mas tudo isso tem como base a contribuição compulsória (sobre a folha de pagamento). No dia em que não for mais assim, será outra coisa.

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    Empresas que reconheçam a importância do Sesc São Paulo não poderiam colaborar? Patrocínio, por exemplo. Por quê precisaríamos? Já existe um mercado em que esses patrocínios são disputados de forma intensa. Eu não posso colocar em risco uma programação que tem que ser permanente, com a garantia de continuidade. Ou seja, não acredito em outra forma de financiamento que não a contribuição compulsória.

    Qual a avaliação que o senhor faz da unidade 24 de Maio, inaugurada no ano passado no centro de São Paulo, com projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha? Eu diria que a unidade 24 de Maio nos surpreendeu. Logo que abriu, chegou a ter 16 000 frequentadores diariamente, algo impressionante. Atualmente, são 60 000 frequentadores por semana. Claro que a localização favorece, mas ela tem uma frequência extraordinária. É um caso diferente de outras unidades que ficam sujeitas a uma sazonalidade, que enchem mais no verão por causa das piscinas, por exemplo.

    Qual foi o custo da obra? Existem críticos… Custou 120 milhões de reais. É um custo razoável para uma intervenção como aquela, em que nós tivemos que praticamente reconstruir o prédio que era da antiga Mesbla. Enfrentamos intercorrências técnicas graves que atrasaram a obra. Por exemplo, o prédio está cercado de outros edifícios antigos e frágeis. Tivemos que redobrar os cuidados para não afetar a estrutura dos prédios da vizinhança e isso causou atrasos. Mas ela foi entregue e o retorno para a sociedade é imenso. Não podemos reduzir a discussão do que fazemos apenas a números.

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