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TikTok vira principal alvo no conflito geopolítico dos EUA com a China

Amazon recomendou que o aplicativo móvel fosse desinstalado do celular de funcionários; governo dos EUA acusa o app de espionagem e promete bani-lo

Por Felipe Mendes Atualizado em 4 jun 2024, 13h57 - Publicado em 10 jul 2020, 20h56

A sexta-feira, 10, foi agitada nos grupos de trabalho do escritório da Amazon, nos Estados Unidos. Um e-mail enviado pela comunicação interna a centenas de funcionários da gigante do mundo da tecnologia proibindo explicitamente os trabalhadores de acessarem o aplicativo móvel TikTok em seus próprios celulares causou um rebuliço. O comunicado alertava para riscos de segurança não especificados. O receio era de que o aplicativo de origem chinesa pudesse, de alguma forma, obter dados sigilosos guardados a sete chaves nas contas de e-mail dos funcionários. A restrição se valia apenas para aqueles que acessam o app via celular. A decisão causou espanto pela arbitrariedade e, diante da péssima repercussão, a empresa se pronunciou: a Amazon disse que o e-mail foi enviado por “engano” e que, no momento, não há alterações em relação às políticas de acesso ao TikTok.

A comunicação interna enviada aos funcionários nesta sexta-feira foi clara: “Devido aos riscos de segurança, o aplicativo TikTok não é mais permitido em dispositivos móveis que acessam o e-mail da Amazon”, dizia a mensagem. “Se você possui o TikTok em seu dispositivo, remova-o até 10 de julho para manter o acesso móvel ao seu e-mail da Amazon”, complementa. É comum que empresas, sobretudo do ramo da tecnologia, tenham políticas mais rígidas em relação ao uso da internet e de determinados aplicativos. Mas, ainda assim, a decisão causa espanto. Algumas horas após o ocorrido, a varejista mudou o tom: “O e-mail recebido por alguns funcionários foi enviado por engano. Não há alterações em nossas políticas relacionadas ao TikTok”, comunicou.

Um dia antes da desinteligência protagonizada pela varejista do comércio eletrônico, Donald Trump, o presidente dos Estados Unidos, afirmou em entrevista à Fox News que avalia a proibição do aplicativo chinês do país. “É algo que estamos vendo”, admitiu. “É um grande negócio. Veja o que aconteceu com a China com este vírus, o que fizeram com este país e o mundo inteiro é vergonhoso”, disse, em relação à propagação do novo coronavírus no país. Antes disso, o secretário de Estado, Mike Pompeo, já havia assegurado que os EUA estudam a proibição a aplicativos de redes sociais chinesas, inclusive o TikTok, por suspeitar que Pequim os use para monitorar e espionar os usuários. “Queremos nos assegurar de que o Partido Comunista Chinês não tenha uma forma de acessar facilmente isto”, disse Pompeo. Outro duro revés à expansão tecnológica chinesa foi visto na Índia, onde o TikTok foi um dos 59 aplicativos a serem banidos pelo governo local no fim de junho, logo após um confronto entre tropas dos dois países na fronteira no alto do Himalaia, o qual deixara 20 militares indianos mortos. A Índia era a principal nação em número de usuários do TikTok depois da China.

O TikTok refutou as acusações de espionagem. Nesta sexta, o aplicativo móvel, pertencente ao conglomerado de tecnologia chinês ByteDance, se pronunciou em nota à imprensa. “A segurança do usuário é da maior importância para o TikTok. Estamos comprometidos em respeitar a privacidade de nossos usuários”, afirmou. A mente persecutória de Donald Trump foi aflorada em 20 de junho, quando grupos de jovens usuários do aplicativo se movimentaram para realizar um boicote a um comício do presidente em Tulsa, no Oklahoma. Grande adepto das redes sociais, onde passa boa parte do tempo ofendendo adversários políticos, incluindo a China, Trump foi, na gíria da internet, ‘trollado’ pelos jovens e se viu diante de uma plateia enxuta e apática. Agora, no entanto, ele intensifica a ofensiva contra os chineses.

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