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Trabalhos dos sonhos dos jovens podem estar ameaçados, afirma OCDE

Relatório analisa aspirações de carreira de adolescentes e o futuro do trabalho no mundo; boa parte das profissões mais lembradas pode perder espaço

Por Felipe Mendes Atualizado em 22 jan 2020, 14h09 - Publicado em 22 jan 2020, 12h49

Com a intenção de mapear o futuro do trabalho, cerca de 600 mil estudantes de 15 anos em 79 países responderam a um questionário do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) em 2018. Os resultados foram divulgados no estudo “Empregos dos sonhos? As aspirações de carreira dos adolescentes e o futuro do trabalho” nesta quarta-feira, 22, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Medicina, direito, engenharia, pedagogia e licenciaturas estão entre as carreiras mais procurados pelos jovens mundo afora. Porém, o levantamento aponta um risco de 39% dos empregos citados pelos jovens poderem ser automatizados nos próximos 10 ou 15 anos.

Segundo o estudo, pouca coisa mudou entre o ranking de empregos divulgado este ano e o anterior, de 2000. Dentre as mulheres, estão entre as profissões mais desejadas, tanto em 2000 quanto em 2018, medicina, direito, pedagogia e licenciaturas, enfermagem, psicologia, administração e veterinária. Saíram da lista mais recente ocupações como jornalista, secretária e cabeleireira.

Já entre os homens, as profissões mais mencionadas no questionário de 2018 foram engenheiro, administrador, médico, advogado, profissional de educação física, arquiteto, mecânico automobilístico, policial e profissional de tecnologia da informação e comunicação. As profissões são as mesmas desejadas em 2000, apenas mudaram de lugar no ranking. Engenharia, que ocupava a terceira posição entre o público masculino, passou a ser a mais visada.

No Brasil, onde 10,7 mil alunos de 638 escolas foram submetidos ao Pisa, 63% dos jovens pretendem seguir as dez profissões mais lembradas pelo levantamento. Somente a Indonésia, com 68%, apresenta números superiores. França e República Tcheca têm o menor percentual, apenas 36%. “As aspirações de carreira dos adolescentes são um bom termômetro dos empregos que os alunos podem exercer quando adultos”, diz o estudo.

Contudo, aparecer na segunda colocação desta lista não é um bom sinal para os brasileiros, de acordo com a visão de Andreas Schleicher, diretor de educação da OCDE e criador do Pisa. “É preocupante que cada vez mais jovens estejam escolhendo o trabalho dos sonhos de uma pequena lista das ocupações mais tradicionais, como professores, advogados ou gerentes de negócios”, afirmou Schleicher, em discurso durante o Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado em Davos, na Suíça. “As pesquisas mostram que muitos adolescentes estão ignorando ou desconhecem novos tipos de empregos que estão surgindo, sobretudo como resultado da digitalização”.

O levantamento analisou os riscos de as profissões escolhidas pelos estudantes não existirem no futuro devido à automatização do emprego, por meio do uso de robôs e de inteligência artificial. “Ao todo, 39% dos empregos citados pelos participantes do Pisa correm o risco de ser automatizados dentro de 10 a 15 anos”, diz o relatório. Em países como Alemanha, Eslováquia, Grécia, Japão e Lituânia, mais de 45% dos empregos mais citados correm risco de existência. Isso não deve acontecer, no entanto, com a maioria das carreiras ligadas à saúde e sociais, culturais e legais.

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“Enquanto o mundo passou por grandes mudanças desde o Pisa 2000, os resultados mostram que as expectativas de carreiras dos jovens mudaram pouco desde então”, diz o relatório da OCDE. “Ficaram, inclusive, mais concentrados em menos ocupações. Na pesquisa de 2018, 47% dos meninos e 53% das meninas de 41 países e economias (os que também participaram do Pisa 2000) dizem que esperam trabalhar em um dos dez trabalhos mais citados quando chegarem aos 30 anos.”

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