A queda de um avião da Ethiopian Airlines no domingo 10, que acarretou a morte das 157 pessoas a bordo, deixou o mundo inteiro em alerta. Afinal, trata-se do segundo acidente fatal do Boeing 737 MAX 8, a mais recente atualização do consagrado jato de médio porte americano, em menos de seis meses. Em outubro de 2018, um 737 MAX 8 da Lion Air, da Indonésia, também caiu nos primeiros minutos de voo e vitimou 189 pessoas. Apenas uma infeliz coincidência? Talvez não. A investigação sobre o acidente anterior e as informações iniciais sobre o caso da Ethiopian apontam para o mesmo comportamento da aeronave: uma ascensão errática logo após a decolagem. Tudo sugere que houve falha de um sensor que indica o “ângulo de ataque”, ou seja, se o nariz do avião está voltado para cima ou para baixo, e o computador de bordo tentou corrigir um problema que não existia, a despeito dos comandos dos pilotos. Essa função existe para diminuir o risco da “estolagem”, jargão aeronáutico para a perda de sustentação e o início da queda livre do avião.
Diante da confusão eletrônica, a aeronave fica incontrolável, o que explicaria a queda abrupta dos dois aviões. Especialistas ouvidos por VEJA afirmam que as falhas do 737 MAX 8 podem estar relacionadas à troca do computador de controle de voo. Além disso, a mudança das turbinas por modelos maiores e mais pesados modificou a distribuição de peso do aparelho. Por precaução, autoridades e companhias aéreas ao redor do globo decidiram manter as 387 unidades do 737 MAX 8 (e de seu modelo mais alongado, o MAX 9) em solo até que a fabricante ofereça maiores garantias. No Brasil, apenas a Gol possui aviões desse tipo (são sete ao todo), e ela também decidiu não colocá-los no ar. A Boeing tem mais de 4 500 encomendas do 737 MAX 8, considerado um sucesso de vendas. Mas, após a semana de turbulências, as ações da empresa caíram mais de 11%.
Publicado em VEJA de 20 de março de 2019, edição nº 2626
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