Uma semana após colapso, petróleo enfrenta novas quedas na cotação
Barril WTI, referência nos Estados Unidos, cai mais de 16% nesta segunda-feira; na semana passada, preços foram negociados no negativo
Uma semana após o colapso nas cotações de petróleo, a commodity volta a registrar fortes quedas nesta segunda-feira, 27. Por volta das 9h (horário de Brasília) o preço do barril do tipo WTI, referência no mercado americano, registrava queda de 16,77%, negociado na casa dos 14,10 dólares. Já o preço do barril do tipo Brent, negociado na bolsa de Londres e referência para a Petrobras e os negócios no Brasil, era negociado a 20 dólares, com queda de 4,15%. A baixa das atividades econômicas no mundo todo causada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19) levou a um congelamento da demanda global pelo combustível. Ou seja, há um excesso de estoque e falta de lugares para armazenar.
Esse alto estoque do produto foi o que levou ao choque histórico ocorrido na segunda-feira passada, quando o barril do tipo WTI, foi vendido a 37 dólares negativos: quem comprou o produto estava disposto a pagar para não receber. O choque histórico se refere a contratos negociados para o mês de maio, já a cotação desta segunda-feira se refere ao petróleo para o mês de junho.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e os seus aliados, incluindo a Rússia, grupo conhecido como OPEP+, comprometeram-se no início deste mês a reduzir a produção em 9,7 milhões de barris por dia, nível sem precedentes, em maio e junho, porém essa redução pode não ser suficiente.
Conforme mostra VEJA em reportagem nesta semana, além da queda do consumo devido ao coronavírus, há outros fatores que levam a preços baixíssimos que irão durar mais que a crise de saúde causada pelo vírus. O aumento da oferta de fontes energéticas como biocombustíveis e xisto e a queda de braço geopolítica que envolve Arábia Saudita, Rússia e Estados Unidos também influenciam. Segundo especialistas, há uma queda global na curva da demanda por petróleo.
Para o Brasil, a queda dos preços do petróleo representa queda de receitas para a Petrobras e os estados produtores. Pelo lado da estatal, há o adiamento dos planos de investimento e de venda de ativos, como as refinarias que estavam para ser privatizadas este ano. Para os estados, e para o Rio de Janeiro especificamente, está prevista uma queda brutal de arrecadação com os royalties do petróleo. Porém, se abre uma oportunidade para a exportação de biocombustíveis, já que os choques no preço do petróleo podem indicar uma necessidade de revisão da matriz energética.