Os Estados Unidos registraram 7,7 milhões de vagas abertas em janeiro, de acordo com o mais recente relatório “Job Openings and Labor Turnover Survey” (JOLTS) do Departamento do Trabalho, divulgado nesta terça-feira, 11. O resultado veio ligeiramente acima das previsões dos especialistas, que estimavam 7,65 milhões, e reflete um mercado ainda resiliente, especialmente quando comparado aos 7,5 milhões revisados em dezembro.
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Embora o número de vagas tenha se mantido elevado, a queda de 728 mil posições em relação a janeiro do ano anterior é um indício de que o mercado de trabalho está esfriando. Isso é reforçado pela leve desaceleração nas contratações, que se mantiveram em 5,4 milhões, sem alterações significativas em comparação com dezembro. O setor de serviços corporativos, educação privada e hospedagem e alimentação foram os principais motores de contratação, com 971 mil, 837 mil e 748 mil novas vagas, respectivamente.
O volume de desligamentos subiu para 5,3 milhões, uma leve alta em relação aos 5,1 milhões de dezembro. Dentro desse total, 3,3 milhões foram saídas voluntárias, um reflexo do que muitos chamam de “Grande Renúncia”, o fenômeno de trabalhadores deixando seus empregos em busca de melhores oportunidades. Enquanto isso, as demissões e dispensas somaram 1,6 milhão, pouco alteradas em relação aos meses anteriores.
Esses indicadores do mercado de trabalho americano desempenham um papel crucial na formulação da política monetária do banco central americano, o Federal Reserve (Fed). Com a inflação ainda pressionada, os sinais de arrefecimento no mercado de trabalho, como a queda nas contratações e o aumento das saídas voluntárias, são monitorados de perto. O recente relatório Payroll, que revelou a criação de apenas 151 mil vagas em fevereiro, abaixo das expectativas, combinado com o relatório ADP, que apontou a geração de apenas 77 mil postos de trabalho no setor privado, reforça a visão de que o mercado de trabalho pode estar perdendo força. Esses números elevam as apostas de que o Fed tem espaço para reduzir os juros.
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Com base nas últimas leituras do FedWatch, do grupo CME, os investidores estão apostando em três cortes na taxa de juros ao longo de 2025, com as reduções previstas para junho, setembro e dezembro. A expectativa é que a taxa, atualmente entre 4,00% e 4,25%, seja ajustada para um patamar entre 3,50% e 3,75% até o fim do ano.
Ainda que o mercado de trabalho dos EUA mostre resiliência, o caminho à frente não é isento de desafios. O ritmo das contratações e a demanda por novas vagas, embora estáveis, indicam que o pico de crescimento pode ter ficado para trás, especialmente em setores altamente sensíveis às mudanças nas taxas de juros e à desaceleração do consumo. Para o Federal Reserve, a questão central será calibrar a política monetária de modo a evitar uma recessão, enquanto continua a controlar a inflação, uma tarefa complexa à medida que os ventos globais se tornam mais incertos.