O volume de vendas do comércio varejista brasileiro teve crescimento de 0,4% em janeiro em comparação com o mês anterior, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada nesta quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado positivo vem após recuo de 2,1% em dezembro.
O crescimento geral do varejo em janeiro é reflexo dos resultados positivos nas atividades pesquisadas. De um total de oito, sete delas apresentaram alta em comparação a dezembro. “O comércio varejista voltou a crescer com resultado positivo em praticamente todas as atividades. Isso mostra um aumento de ritmo no varejo, uma melhora”, analisou a gerente da pesquisa, Isabella Nunes.
Duas categorias tiveram destaque: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (alta de 8,2%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (alta de 7,2%), que inclui lojas de departamentos, óticas, joalherias, artigos esportivos, brinquedos, entre outros, e teve a segunda maior contribuição no resultado geral.
O único recuo da lista veio dos artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,5%). Nunes entende o desempenho como “uma acomodação após três meses de crescimento em que o grupo acumulou alta de 3,5%”. A atividade, no entanto, obteve o melhor resultado (+7,2%) comparado a janeiro de 2018, influenciada por uma menor variação nos preços de seus produtos, segundo IBGE.
“Todas as atividades mostraram uma reversão em relação a dezembro, com exceção de combustíveis (+0,5%) e livros (+0,2%), que mantiveram o crescimento. Isso se deu por razões diferentes. “Os combustíveis estão associados às quedas no preço nos últimos dois meses, enquanto os livros estão ligados a uma sazonalidade relacionada ao período de Natal e de volta às aulas”, complementou a pesquisadora.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, na série sem ajuste sazonal, houve crescimento geral de 1,9%, sexto resultado positivo registrado. O ajuste sazonal é utilizado para comparar desempenhos em meses próximos (por exemplo, dezembro e janeiro) de forma mais justa, já que algumas categorias possuem especificidades relacionadas à época do ano. Um exemplo são os alimentos, que têm períodos delimitados para a colheita, nos quais os resultados são superiores ao resto do ano sem necessariamente resultar de aumento ou queda na produção.
Já no acumulado nos últimos doze meses, o volume de crescimento das vendas passou de 2,3% em dezembro para 2,2% em janeiro.
Veículos e material de construção também crescem
O desempenho do comércio varejista ampliado, que inclui a atividade de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, também foi positivo, registrando avanço de 1,0% frente a dezembro de 2018 e descontando parte do recuo de 1,7% do mês anterior.
A atividade veículos e motos, partes e peças apresentou crescimento de 5,7% com relação a dezembro, e de 8,8% comparada ao mesmo período do ano anterior, exercendo a maior contribuição no resultado de janeiro para o varejo ampliado. No entanto, o acumulado nos últimos doze meses (+14,3%) mostrou leve perda de ritmo em relação ao acumulado até dezembro (+15,1%).
“O crescimento de veículos foi o principal impacto, com alta de 5,7%, após dois meses de recuo, no qual acumularam perda de 5,8%. Em relação a janeiro do ano passado, também há crescimento pelo sexto mês consecutivo. Mas, nos últimos 12 meses, observa-se uma estabilidade. Ou seja, a tendência permanece de estabilidade”, explicou Isabella Nunes.
Já a categoria material de construção se manteve quase estável, com leve alta de 0,1% comparado ao mês anterior, e crescimento de 2,2% com relação a janeiro de 2018.
Desempenhos estaduais
Em comparação a dezembro do ano passado, 17 estados brasileiros registraram crescimento no comércio varejista, com destaque para Amapá (+7,9%), Mato Grosso (+5,6%) e Santa Catarina (+3,8%). No comércio varejista ampliado, 13 estados obtiveram resultados positivos, com destaque para Santa Catarina (+4,3%), Amapá (+4,1%) e São Paulo (+3,1%).
Os destaques negativos ficaram com Tocantins e Paraná, que estão entre os três piores desempenhos, tanto no comércio varejista quanto no ampliado. Já em relação a janeiro de 2018, destaque para o Espírito Santo, que liderou o a lista nos dois segmentos.
“Regionalmente, houve também um predomínio de taxas positivas no comércio varejista. A maior parte das unidades da federação, acompanhou o resultado positivo frente a dezembro do índice nacional, mas, na comparação com janeiro de 2018, apenas 13 unidades federativas cresceram”, analisa Nunes. “Mesmo voltando ao crescimento, é importante ressaltar que o volume de vendas ainda está 6,6% abaixo do pico da série, que ocorreu em outubro de 2014”, completou ela.