Vendas de TV para a Copa da Rússia não vão superar as do Mundial do Brasil
Varejo e fabricantes apostam no aumento de vendas no primeiro semestre, impulsionado pelos jogos de futebol na Rússica
A Copa do Mundo da Rússia deve aumentar as vendas de televisores e de celulares no Brasil. É o que esperam varejistas e os principais fabricantes ouvidos por VEJA. Além do aumento do número de telas vendidas, há a expectativa de crescimento na procura por aparelhos maiores, como os televisores de 65 polegadas ou mais e com transmissão em 4K.
A perspectiva é que sejam vendidos 12,5 milhões de aparelhos neste ano, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) – sendo 6,8 milhões no primeiro semestre. Em 2017, foram vendidas 11,375 milhões unidades. O número, porém, é menor do que o registrado em 2014, quando a Copa do Mundo ocorreu no Brasil. Naquele ano foram comercializadas 14,993 milhões de unidades.
“Naquele ano, o mercado estava aquecido, o país ainda não havia entrado em crise. Um quadro bem diferente do que temos hoje. Foi um ano de Copa no Brasil e isso impulsionou ainda mais a troca dos televisores. Com esse cenário desenhado fica difícil prever se as vendas deste ano superarão as de 2014. Mas, com certeza, conseguimos dizer que será melhor do que o ano passado”, afirma Claudio Nadanovski, coordenador de marketing de TV da Panasonic.
O evento esportivo também deve afetar o comportamento de consumo do brasileiro, com crescimento das compras de modo geral. Tradicionalmente, 55% das vendas anuais são feitas no segundo semestre, impulsionadas pelo Natal e pela Black Friday, que acontece em novembro. Neste ano, entretanto, a expectativa é que ocorra um equilíbrio entre os dois semestres por conta da Copa adicionada ao movimento do Dia das Mães e dos Namorados.
O diretor de marketing da Via Varejo, empresa que detém as marcas Casas Bahia e Pontofrio, Othon Vela, acredita que a Copa vai elevar não apenas a venda de televisores, mas também de celulares. “Em anos de Copa do Mundo, a procura por telas é maior. Neste ano, deve haver upgrade dos clientes, que procuram aparelhos com mais tecnologia, como 4K, com mais recursos ou telas maiores, dependendo do orçamento de cada um”, diz. “Celular é uma categoria que já vem tendo bons resultados, mas, independentemente disso, tem aumento a venda por conta dos aplicativos inovadores que levam as pessoas para o digital.”, afirma Vela.
O diretor de marketplace da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), Carlos Alves, projeta um aumento nas vendas de 15% na comparação a 2017. Segundo ele, os produtos mais buscados no e-commerce são os eletroeletrônicos, com ênfase no celular. “É o desejo de consumo e tenho certeza que vai aumentar a procura próximo à Copa. Será a Copa multitelas, pois canais on demand vão disputar o espectador com suas transmissões ao vivo”, destaca o diretor.
As maiores fabricantes de televisores apostam em um aumento de receita neste ano. A Panasonic afirma que, historicamente, os anos em que há Copa do Mundo são melhores para a venda de televisores. “Acreditamos em um crescimento acima dos 10% em relação a 2017”, afirma Claudio Nadanovski, coordenador de marketing de TV da empresa.
A Samsung também prevê que haverá crescimento. Para isso, aposta em televisores com tecnologia 4K, tecnologia que não era tão acessível na Copa no Brasil como é hoje. Atualmente, muitos televisores já têm a tecnologia disponível, embora os canais abertos não transmitam programas com essa qualidade de resolução. Há, porém, programação disponível em streaming, em canais como Netflix, Amazon e YouTube. Em 2017, 23% dos televisores vendidos no Brasil eram 4K. “Dos televisores vendidos pela Samsung, 32% eram 4K”, diz Guilherme Campos, gerente de produtos de TV da Samsung Brasil.
Para incrementar ainda mais as vendas, a marca lançou um aplicativo em parceria com o canal a cabo SporTV para transmitir jogos ao vivo, em 4K, além de disponibilizar informações de seleções e jogadores.
Na Copa passada, a busca maior era por SmartTV, aquela que acessa a internet. Hoje, praticamente 100% dos portfólios das empresas têm acesso à rede, ou seja, não é mais um diferencial.
Pesquisa de preço
Antes de comprar uma TV nova, o Procon-SP alerta para que o consumidor reflita a fim de saber se a nova aquisição não está sendo feita por impulso. “Se o consumidor decidiu que ele quer ter uma nova experiência, ele precisa colher informações sobre o produto em questão. A tecnologia ampliou a oferta e, muitas vezes, o consumidor acha que o aparelho tem determinada função, mas no dia a dia ele percebe que não tem”, afirma Renta Reis, coordenadora do Procon-SP.
Uma vez determinada a necessidade da troca, o Procon informa que é preciso estar atento à oferta. “Na venda on-line, não dá para se ter uma ideia concreta da dimensão do produto, centímetros e polegadas”, afirma Renata. Quando se fala em promoção, o cliente precisa saber se os penduricalhos embutidos na compra encarecem o valor final. Há, por exemplo, taxa de entrega, de instalação e até mesmo garantia estendida que acabam anulando o valor do desconto.
Outro detalhe que é preciso ser pensado é o destino do aparelho anterior. “É preciso ter consciência sobre a sustentabilidade”, diz Renata.