As vendas no comércio varejista no Brasil recuaram 0,3% em agosto, na comparação com o mês anterior, quando haviam crescido 0,6%. O dado veio melhor que a expectativa do mercado, que era de um recuo de 0,5% no período. No acumulado dos últimos 12 meses, o varejo avançou 4%.
Os dados divulgados nesta quinta-feira, 10, pelo IBGE, ajudam o mercado financeiro a balizar as expectativas sobre a taxa de juros. Isso porque, além dos dados da inflação, os números do varejo ajudam a dar um termômetro sobre o consumo. A desaceleração mensal entra na conta do Banco Central, já que o aquecimento da economia é um dos fatores que pressionam os juros.
Resultado
Sete das oito atividades pesquisadas pelo IBGE ficaram no campo negativo: Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,9%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,0%), Móveis e eletrodomésticos (-1,6%), Tecidos, vestuário e calçados (-0,4%), Combustíveis e lubrificantes (-0,2%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%). O único setor que mostrou crescimento entre julho e agosto de 2024 foi Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,3%).
“A variação negativa de 0,3% no comércio varejista em agosto demonstra uma estabilidade, após o crescimento de 0,6% em julho. O comportamento do comércio em 2024 ainda é positivo, apenas em junho tivemos resultado efetivamente negativo (-0,9%). O aspecto negativo do resultado de agosto é o fato de quatro das oito atividades pesquisadas terem registrado queda significativa, três ficarem estáveis e só uma ter apresentado alta”, explica Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
“As lojas de departamento são o principal tipo de empresa atuante no setor de Outros artigos de uso pessoal e doméstico. Elas tiveram, em 2023, um ano muito turbulento, com registros de problemas contábeis afetando alguns dos principais players desse mercado, fazendo com que revisassem seus balanços patrimoniais. Isso provocou ajustes em toda a cadeia produtiva, levando à redução do número de lojas físicas. O aumento da competição com outros nichos e a sazonalidade de promoções também influenciaram a queda no volume de vendas em agosto”, observa Santos. Ele lembra que, “no caso de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, é uma atividade que sofre muita influência do dólar, sendo dependente da produção externa”.
Vendas sobem 5,1% frente a agosto de 2023
As vendas no varejo avançaram 5,1% contra agosto de 2023. Em agosto de 2024, na comparação com igual mês do ano anterior, cinco das oito atividades pesquisadas apresentaram resultados positivos: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (15,7%), Móveis e eletrodomésticos (6,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (6,1%), Tecidos, vestuário e calçados (5,8%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,6%). No sentido oposto, ficaram Livros, jornais, revistas e papelaria (-7,6%), Combustíveis e lubrificantes (-4,6%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,8%).
O grupo de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria registrou o 18º mês consecutivo de crescimento (o último mês a registrar queda foi fevereiro de 2023: -0,5%). O setor exerceu também a segunda maior influência no campo positivo para o varejo em agosto, somando 1,5 p.p. ao total de 5,1%. “É um resultado bastante expressivo, que pode ser explicado, entre outras coisas, pelo bom desempenho de perfumaria, higiene pessoal e cosméticos nos últimos meses”, acrescenta Santos.
A atividade de Móveis e eletrodomésticos, por sua vez, avançou pela quinta vez seguida. O último mês no qual registrou queda foi março de 2024 (-4,4%). No indicador acumulado no ano, ao passar de 3,4% em julho para 3,7% em agosto, o setor mostra aumento no ritmo de crescimento. No que se refere ao acumulado nos últimos 12 meses, essa expansão se acentua, saindo de 2,5% em julho para 3,1% em agosto.
Em relação ao comércio varejista ampliado, observou-se expansão de 3,1% nas vendas frente a agosto de 2023, com altas em duas das três atividades complementares: Veículos e motos, partes e peças (8,3%) e Material de construção (4,5%). O único setor a apresentar queda nas vendas foi o de Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-11,5%). “Essa atividade vem tendo resultados negativos desde março, o que está relacionado à distribuição dos alimentos feita pelas centrais de abastecimento”, afirma Santos.