Vipal: O caminho sustentável dos pneus no Brasil
Líder em reforma e exportação, a gaúcha cresce com soluções que prolongam a vida útil dos pneus e reduzem custos no transporte de cargas
Os pneus de caminhões, ônibus e máquinas pesadas raramente têm uma vida só. Projetados para até duas reformas, eles prolongam a quilometragem rodada e, por isso, frotistas e empresas de logística são os principais clientes do setor de reforma de pneus — um mercado de 40 bilhões de reais no Brasil. A líder é a Vipal Borrachas, de Nova Prata (RS), que faturou 1,43 bilhão e lucrou 270 milhões de reais no ano passado — números que a ajudaram a despontar como a melhor empresa do setor de borrachas.
A Vipal fabrica compostos de borracha usados nas reformas e os fornece a duas frentes: uma rede exclusiva, com suporte técnico e comercial, e reformadores independentes, que recebem a marca Ruzi, com foco em custo-benefício. O mercado de reforma para carros de passeio existe, mas é pequeno perto do atendimento às áreas de transporte de carga e máquinas pesadas. “São segmentos em que a compra de pneus novos acaba sendo um investimento relevante para as empresas de frotas”, diz Renan Batista Patrício Lima, presidente da Vipal.
Em 2024, o bom desempenho do setor veio da reforma de pneus off the road — pneus de grande porte usados em máquinas agrícolas, mineradoras e veículos que operam fora de estradas pavimentadas —, impulsionada pelo agronegócio e pela mineração. “Além disso, nos últimos anos cresceu o interesse do setor em estender o ciclo de vida dos pneus novos por meio da reforma, reduzindo o descarte de pneus usados”, afirma Lima.
Economia e sustentabilidade andam juntas: cada pneu reformado evita descarte e economiza 50 litros de petróleo, segundo a Associação Brasileira de Reforma de Pneus (ABR). Um pneu reformado custa até 40% menos e tem desempenho semelhante ao novo, segundo a consultoria de logística Ilos. “O peso dos pneus chega a 4,5% dos custos variáveis das empresas de transporte nas rotas de longa distância, aquelas em torno de 2 000 quilômetros”, diz Rodrigo Nakamura, sócio-gerente da Ilos. “A reforma de pneus existe no mundo todo, mas é particularmente relevante num país como o Brasil, onde a má conservação das rodovias aumenta o desgaste.”
A Vipal também expandiu suas vendas internacionalmente. Hoje, 20% da receita da empresa vem de exportações para os Estados Unidos e países da América Latina e da Europa, mantendo centros de distribuição e duas fábricas no exterior — em Madison (EUA) e Santa Fé (Argentina).
Além dos compostos de borracha, a Vipal fabrica as máquinas de reforma e entrou no mercado de pneus novos. A produção começou em 2012, com pneus para motos de baixa e média cilindrada. Atualmente, saem 14 000 unidades por dia da fábrica em Feira de Santana (BA), impulsionadas por uma parceria com a montadora Honda, iniciada há dois anos. Em 2024, a Vipal começou a produzir pneus para veículos de carga. “Por ora, temos uma capacidade de produção baixa”, diz Lima. “É um projeto de longo prazo. Estamos aguardando para ver como serão as condições econômicas dos próximos anos para conduzir a expansão.”
A abertura de capital foi cogitada, mas adiada por condições de mercado. A empresa segue sob controle da segunda geração da família do fundador Vicencio Paludo, ex-dono de posto de gasolina em Nova Prata, quando viu, em 1960, a oportunidade de iniciar o negócio de reforma de pneus. Seu filho, Arlindo Paludo, de 76 anos, é hoje presidente do conselho de administração. A estrada foi longa, mas a Vipal segue firme no caminho.
Publicado em VEJA, outubro de 2025, edição VEJA Negócios nº 19
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