O impacto da guerra na Ucrânia na atividade comercial e a inflação acima dos 7%, estão pressionando cada vez mais os indicadores econômicos nos 19 países da zona do euro. Os PMIs , índices da atividade econômica realizados por empresas privadas (Purchasing Manager’s Index, na sigla em inglês) recuaram de 55,8 pontos em abril para 54,9 pontos em maio. O indicador composto, levantado pela S&P Global, considera o consolidado de desempenho em diferentes setores, como indústrias, serviços e manufaturas.
Só o setor de serviços nos países, por exemplo, recuou de 57,7 para 56,3, em um sinal de enfraquecimento depois do boom da reabertura do comércio no contexto de maior flexibilidade com a Covid-19. Os principais problemas incluem a contração na cadeia de produção e a redução da demanda com a elevação de preços. Na semana passada, a S&P Global Ratings já havia revisado suas projeções do PIB na zona do euro, com decréscimo de 3,3% para 2,7%.
Os indicadores negativos repercutiram no teor na tradicional reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta última segunda, 23. A expectativa de forte crescimento econômico com um “pós-pandemia” foi frustrada por fatores com a Guerra no leste europeu e o novo surto de Covid-19 na China.
De forma geral, qualquer valor acima de 50 pontos, nos PMIs, indica bom desempenho. Porém, os números desta semana já são precedidos por outras quedas, conforme avalia a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. “Os PMIs estavam com um patamar muito mais confortável ano passado. Com a lição de casa que todas as economias fizeram para estimular a atividade econômica, os PMIs transitaram em um patamar bem elevado (em 2021). Porém, o que observamos no final do segundo semestre para agora, são PMIs ainda acima dos 50, mas em um movimento de desaceleração”, avalia.
Os índices da atividade econômica, como os PMIs, não apontam diretamente para uma recessão econômica em larga escala, embora sejam sinais de fraqueza, em um contexto de forme redução no poder compra e o aumento do custo de vida na Europa e no mundo. A instauração de um quadro recessivo na Europa, para Camila Abdelmalack, pode ocorrer com o eventual processo de elevação mais agressiva na taxa de juros. “Quando a gente fala em recessão da zona do euro, ela pode estar atrelada com a utilização do instrumental monetário para contornar o ambiente inflacionário. Há resistência com a elevação da taxa de juros, mas com uma inflação caminhando em 7,4%, há indício de que podemos ver uma ação em breve do Banco Central Europeu.