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Bolsonaro deve mudar gestão do Enem se quiser ‘fiscalizá-lo’, diz ministro

Atual responsável pela Educação, Rossieli Soares afirma que nem ele nem o presidente Michel Temer tinham acesso ao exame durante o atual governo

Por Agência Brasil Atualizado em 27 nov 2018, 17h25 - Publicado em 27 nov 2018, 16h48
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  • O atual ministro da Educação, Rossieli Soares, disse nesta terça-feira, 27, que procedimentos de segurança do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) terão que ser revistos caso o presidente eleito Jair Bolsonaro queira ter acesso ao exame antes de ele ser aplicado. “Se o presidente eleito vai ou não vai ver a prova, caberá a eles, a partir de 1º de janeiro, entender qual o modelo de gestão [que adotarão]”, afirmou.

    “Nós entendemos, inclusive por questão de segurança das próprias autoridades, que cabe às equipes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) fazerem a gestão da prova. Na nossa gestão, eu não olhei, e pelo que sei, outros ministros também não olharam. Falo de ministros, não falo nem presidente, que também não olharam a prova”, enfatizou Soares.

    O ministro explicou que a prova, após elaborada, fica em uma sala-cofre e só deixa o local para ser levada para a gráfica, escoltada por policiais federais. “Existe um processo, um procedimento, que precisará ser revisto para que isso [Bolsonaro veja o exame] aconteça, mas caberá a eles a partir de 1º de janeiro”.

    Após a aplicação do Enem 2018, Bolsonaro fez críticas à prova, classificada por ele como “vexame” e “doutrinação exacerbada”. Ele disse que, ao assumir a Presidência, não permitirá a inclusão de determinadas questões e que o governo “tomará conhecimento” do conteúdo do exame antes de sua aplicação. O pesselista atacou, sobretudo, uma questão da prova de linguagens deste ano que tratava do pajubá, “dialeto secreto” empregado por gays e travestis.

    De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o filósofo colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, indicado para o Ministério da Educação por Jair Bolsonaro, declarou na segunda-feira 26 que não impedirá o presidente eleito de atestar a qualidade das provas.

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    Como as questões são selecionadas

    Elaborado e aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão ligado ao Ministério da Educação, o Enem tem questões feitas por professores de diversas universidades brasileiras e, em seguida, incluídas em pré-testes aplicados a alunos do ensino médio da rede pública. Depois, as questões vão para o Banco Nacional de Itens, que tem mais de 10.000 perguntas. Conforme o resultado do pré-teste, as questões recebem diferentes graus de dificuldade, entre fáceis, médias e difíceis.

    As perguntas de cada área de conhecimento cobradas no Enem devem equilibrar o grau de dificuldade das perguntas na proporção de 25% fáceis, 50% médias e 25% difíceis. Segundo o Inep, o Ambiente Físico Integrado Seguro, onde a prova é elaborada, tem “segurança máxima”. “O acesso é restrito a poucos servidores do Inep e a colaboradores, e eles só entram na área após atravessar um scanner corporal e várias portas duplas. O acesso é feito por identificação biométrica”.

    Segundo Jair Bolsonaro, a atual presidente do órgão responsável pelo Enem, Maria Inês Fini, não permanecerá no cargo em seu governo. “Essa daí é cartão vermelho”, disse o presidente eleito.

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