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Dois milhões de adolescentes estão fora da escola no Brasil

Pesquisa feita pelo Unicef sobre os efeitos da pandemia na educação identificou que maioria dos alunos parou de estudar para trabalhar e ajudar em casa

Por Ricardo Ferraz 16 set 2022, 15h59

Passado o furacão da pandemia que obrigou milhões de estudantes brasileiros adotar o ensino remoto, alunos e professores se esforçam para sacudir a poeira e recuperar o tempo perdido com a aprendizagem presencial. Para alguns, no entanto, a volta por cima se tornou mais complicada.

Uma pesquisa feita pelo Ipec (antigo Ibope), a pedido do Unicef, revela que cerca de dois milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão fora da escola. O instituto ouviu 1.100 pessoas com idades que variam entre 11 e 19 anos para medir o impacto da pandemia na educação em longo prazo. Onze por cento da amostra respondeu que não está frequentando a sala de aula.

A faixa etária pesquisada é mais ampla do que a averiguada pelos órgãos oficiais ao longo da educação básica, dado que o ciclo costuma ser completado quando o aluno completa 18 anos. Em 2020, os dados oficiais compilados pelo Anuário da Educação Básica, feito pelo movimento Todos Pela Educação, davam conta que 95% dos alunos entre 14 e 17 anos estavam matriculados em uma instituição de ensino.

Entre os motivos para ter parado de estudar, o principal é “porque tenho de trabalhar”, alegado por 48% dos entrevistados. Em seguida vem “porque não consegui acompanhar as explicações dos professores” (30%), “porque a escola não tinha retomado as aulas presenciais” (29%), “por ter de cuidar de outros familiares” (28%) e “porque a escola é desinteressante (27%).

O impacto na pandemia no aprendizado fica ainda mais evidente quando se analisa o universo de alunos que pensaram em largar a escola nos últimos três meses. Um quinto do total considerou abandonar de vez os cadernos, sendo que metade alegou não ser capaz de entender o que estava sendo ensinado em sala de aula.

O ensino remoto, que chegou a ser comemorado no início da pandemia como uma nova forma de estudar com apoio da tecnologia, se mostrou pouco eficaz. Um quarto dos entrevistados disseram que não aprenderam nada do que deveriam durante o período em que tiveram de ficar em casa. O índice caiu para 8% quando os estudantes foram solicitados a avaliar o ensino presencial nos últimos três meses.

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