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‘Incrível’, diz organizador de prêmio sobre professor brasileiro

Wemerson da Silva Nogueira é um dos dez finalistas do Global Teacher Prize, que será entregue neste domingo, em cerimônia em Dubai

Por Meire Kusumoto, de Dubai
Atualizado em 4 jun 2024, 18h37 - Publicado em 18 mar 2017, 10h46
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  • Wemerson da Silva Nogueira, o brasileiro que está entre os dez finalistas do Global Teacher Prize, espécie de Nobel da Educação, foi definido como “incrível” e com uma “grande história” por Vikas Pota, diretor executivo da Varken Foundation, responsável pelo prêmio e pelo Global Education and Skills Forum, evento que acontece neste fim de semana em Dubai, nos Emirados Árabes. Wemerson, 26, vem do Espírito Santo e tem experiência de cinco anos dando aulas em escolas públicas da região de Nova Venécia, a cerca de 200 quilômetros de Vitória.

    “Estamos procurando inspiração. O problema é que os jovens não escolhem mais a docência como profissão. Para inovar, precisamos mostrar pessoas que têm grandes histórias. É isso o que o Wemerson tem. Ele é incrível”, diz Pota ao site de VEJA. “Ele poderia dizer que há outros ótimos professores no Brasil, mas desta vez foi a história dele que se destacou das demais. É dessa maneira que queremos elevar a figura do docente, para que crianças ao redor do mundo digam: ‘Em vez de querer ser a Kim Kardashian, quero ser um professor’.”

    Wemerson da Silva Nogueira
    O brasileiro Wemerson da Silva Nogueira (Diana Abreu /Nova-Escola/Divulgação)

    O anúncio do vencedor acontece neste domingo. O grande ganhador leva para casa o prêmio de 1 milhão de dólares, entregue ao longo de dez anos, que pode ser usado da maneira que o vencedor considerar melhor. “O prêmio é para o indivíduo, confiamos no professor. Se ele decidir que quer comprar uma casa, tudo bem, se quiser sair de férias, tudo bem. Precisamos tratá-los como adultos. Até agora, porém, as duas professoras que já receberam o prêmio usaram para bons propósitos. E isso é ótimo”, afirma Pota. Esta é a terceira edição do prêmio – nos anos anteriores, as vencedoras foram a palestina Hanan Al Hroub (2016) e a americana Nancie Atwell (2015).

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    Wemerson Nogueira superou mais de 20.000 inscritos e agora concorre com outros nove professores de lugares como Reino Unido, Canadá, Quênia e Paquistão. Ao longo de sua carreira, o capixaba ganhou dez prêmios – oito deles por um projeto que ele desenvolveu com os alunos de uma escola pública de Boa Esperança, que fica próximo de Nova Venécia. Os estudantes aprenderam a tabela periódica a partir dos metais encontrados na água do Rio Doce após o rompimento da barragem de Mariana e depois construíram e distribuíram filtros para a comunidade ribeirinha da região de Linhares (ES). Pelo projeto, ele recebeu o prêmio Educador Nota 10, uma iniciativa conjunta da Fundação Victor Civita e da Fundação Roberto Marinho.

    Global Education & Skills Forum

    O evento de dois dias recebe professores, pensadores, empresários e líderes mundiais para debater variados temas, como igualdade, globalização e tecnologia, e sua relação com a educação. “Educação é a base de tudo. Se você quer conscientização sobre mudanças climáticas, livrar o mundo de doenças, é através de educação que se faz isso. Ela é a resposta para todas as questões e problemas que temos no mundo”, defende Pota.

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    Para o diretor, o maior problema enfrentado por diferentes países na área da educação hoje é que não só há muitas crianças fora da escola, mas, muitas daquelas que estão matriculadas estudam em instituições mal conceituadas. “O maior problema que temos é que ainda há 500 milhões de crianças estudando em escolas ruins. Não estou nem falando das crianças que não estudam, e sim daquelas que estão em escolas classificadas como ruins pelos governos. É o desperdício de uma oportunidade ter escolas que não conseguem entregar bons resultados.”

    O tema da conferência neste ano é “Como formamos verdadeiros cidadãos globais?”. Pota afirma que o evento quer discutir também temas como o crescimento do nacionalismo e de movimentos extremistas ao redor do mundo. “Acredito muito no internacionalismo. O mundo está ficando menor, mas, ao mesmo tempo, estamos vendo vários movimentos nacionalistas ganharem eleições, referendos. Você pode continuar discutindo e resistindo, mas o fórum propõe que nós tentemos entender quais são as preocupações dessas pessoas”, diz. “Discordo de muitas propostas que Donald Trump apresentou durante a campanha eleitoral, por exemplo, assim como milhões de pessoas. Porém, agora que ele é o presidente do país mais poderoso do mundo, temos que encontrar um jeito de trabalhar com ele. Senão, onde encontraremos esperança?”

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