Marcos Neves: ‘Educação física também é militância e desconstrução’
Um dos vencedores do prêmio Educador Nota 10 usa o ritmo do maracatu como um exercício corporal e de cidadania
Marcos Ribeiro das Neves tem alunos de 15 a 60 anos. Ele é professor de educação física na CIEJA Campo Limpo, em São Paulo (SP), centro voltado a jovens e adultos que já passaram da idade escolar e que não tiveram oportunidade de estudar. Por lá, sua disciplina não se limita a quadras e bolas, mas à desconstrução de preconceitos.
“A função social da educação física são as práticas corporais, todas elas, esportes, lutas, danças… É bem-vindo trabalhar futebol mas também um balé, circo, capoeira”, conta o professor de 39 anos. O foco de seu projeto é o maracatu, um ritmo musical originário de Pernambuco com raízes africanas. A ideia partiu da reação da turma quando uma aluna falou de seu gosto pela batida.
“Alguns alunos começaram a se benzer e dizer que era coisa do demônio. E automaticamente eu identifiquei que esse seria meu objeto de trabalho interdisciplinar, pois havia uma representação distorcida daquela prática corporal e de seus representantes”, conta o professor, que incluiu o contexto histórico da escravidão em suas aulas de educação física.
“Muitas vezes entendemos a escola como uma instituição moral, mas por que um conhecimento deve entrar na escola e outro não? O importante é que os alunos enxerguem qualquer assunto com seus próprios olhos. Eu estimulo sua análise crítica e eles devem ter seu próprio entendimento das coisas”, completa.
Com o projeto A Desconstrução de Preconceitos, Marcos conquistou um lugar entre os dez melhores professores do ano pelo Prêmio Educador Nota 10, promovido pelas fundações Victor Civita e Roberto Marinho. Ele agora tem a chance de ser vencedor do título Educador do Ano na cerimônia que acontece no dia 1º de outubro, em São Paulo.