Performance de travesti em universidade federal causa abertura de processo interno
Caso aconteceu no Maranhão, durante mesa-redonda sobre sexualidade, e envolveu a cantora Tertuliana Lustosa
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) abriu um processo de averiguação interna depois que a travesti Tertuliana Lustosa realizou uma performance durante uma palestra sobre sexualidade.
Em determinado momento de sua fala, a cantora da banda A Travestis se levantou e começou a cantar: “É o mestrado da p…, vou te ensinar gostoso, dando aula na sua p… (em referência ao órgão genital masculino), aqui não tem nota, nem recuperação, não tem sofrimento e se aprende com tesão”.
Em seguida, ela subiu na cadeira e, de costas para o publico, começou a rebolar, exibindo os glúteos e prosseguindo com a canção: “de quatro, empina o c..”. Em seguida, repetiu várias vezes a palavra que designa ânus e encerrou sua participação na mesa em tom de deboche, afirmando “educando com o c..”. Os outros participantes da mesa aplaudiram efusivamente.
O vídeo foi compartilhado no perfil do Instagram da própria cantora. E já conta com mas de 5.500 compartilhamentos. Em sua bio, Tertuliana afirma ser formada em história da arte pela UERJ e mestranda.
Reação acadêmica
A atuação inusitada ocorreu durante a mesa-redonda “Dissidências de gênero e sexualidades”, promovida pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política. A Universidade afirmou que irá averiguar o caso, ouvindo todas as vozes envolvidas no episódio.
“Como sabido, a Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo. Por isso entendemos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental da academia, mas também ressaltamos a importância de se manter um ambiente harmônico e respeitoso para todos os membros da nossa comunidade”, disse a UFMA, em nota.
“Travesti terrorista”
Um dos trabalhos acadêmicos apresentados por Tertuliana é o “manifesto traveco-terrorista”, em que defende a identidade de travesti.
Em um debate hermético, em torno do gênero, a artista afirma que “não se nasce mulher, torna-se traveca”. Em outro de seus postulados, defende que as pessoas do sexo masculino que transacionarem não se tornam mulheres, mas travestis.