Modelo que morreu na SPFW estava inseguro para desfile, diz ex-agente
Tales Cotta, de 26 anos, sofreu mal súbito neste sábado; causa da morte ainda é investigada
O modelo Tales Cotta, que morreu neste sábado, 27, durante um desfile da São Paulo Fashion Week (SPFW), relatou a amigos sua insegurança em relação ao calçado que deveria usar na passarela. Segundo Faelo Ribeiro, ex-agente de Cotta, ele estava muito nervoso para o desfile.
“Ele disse que estava inseguro com a sandália”, disse Ribeiro, dono da agência All Models. “Ele entrou muito tenso na passarela, com medo de acontecer alguma coisa”.
No desfile pela marca Ocksa, Cotta, de 26 anos, usou uma sandália com fitas amarradas. Durante sua passagem pela passarela, o modelo teria tropeçado no calçado e caído. Os participantes do evento, por pensarem que se tratava de uma performance do desfile, demoraram a reagir.
Segundo testemunhas, a equipe de socorristas levou em torno de três minutos para prestar o atendimento. Na sequência, a transmissão dos desfiles foi cortada.
Cotta chegou a ser levado ao Pronto-Socorro Municipal da Lapa, mas não resistiu. As causas da morte ainda não foram divulgadas oficialmente e estão sendo investigadas.
O velório foi marcado para esta segunda-feira, 29, na Capela do Hospital Cesar Leite em Manhuaçu, cidade em Minas Gerais onde Cotta nasceu.
“Lamentamos esta fatalidade e prestamos nossas sinceras condolências à família de Tales”, diz comunicado divulgado pela SPFW. Nos bastidores do evento, o clima é de comoção.
“Tales sempre foi muito aplicado, muito presente”, diz Ribeiro, que agenciou o modelo em sua empresa em 2011 em Vila Velha, no Espírito Santo. “Ele era muito amoroso com todos, cativava as pessoas por onde passava”.
“Ele morreu fazendo o que mais amava”, diz o agente, emocionado.
Cotta participava de sua segunda SPFW. O modelo, cujo verdadeiro nome era Tales Soares, começou a trabalhar na área da moda em 2011, quando foi agenciado pela All Models no Espírito Santo, aos 18 anos.
No final de 2016, se mudou para São Paulo com o objetivo de investir mais em sua carreira. Desde setembro do ano passado trabalha também com a Base MGT, agência de modelos e atores da capital paulista.
Neste sábado, Cotta fazia seu segundo desfile na edição atual da SPFW. Na sexta-feira 26, o modelo desfilou para a grife Ratier. O mineiro também trabalhou para o estilista Felipe Fanaia e para as marcas Age e C&A.
No site da Base MGT, ele é descrito como um modelo de “olhos verdes e cabelo platinado”. O jovem informava em seu Instagram que era vegetariano.
Segundo Faelo Ribeiro, a restrição alimentar do jovem impediu que ele comesse os lanches oferecidos no camarim da SPFW aos modelos, que eram todos feitos com carne. O agente afirma que a falta de comida e o calor que fazia no local podem ter ocasionado o mal súbito que levou a sua morte.
Familiares do modelo, contudo, relataram à imprensa que ele conseguiu se alimentar pouco antes de entrar na passarela e, por isso, não estava com fome.
Pressão estética
O agente da All Models negou que Cotta sofresse qualquer tipo de pressão para emagrecer e que a decisão do modelo de seguir uma dieta vegetariana estava diretamente ligada aos seus ideais.
“Nunca foi o foco dele ficar sem comer, ele se alimentava muito bem”, diz Ribeiro. “Ele sempre praticou muito exercício físico, como capoeira e yoga. Ele se cuidava muito”.
O agente, contudo, conta que o modelo já foi rejeitado por sua altura: tinha apenas 1,82m, baixo para os padrões da moda.
“Mas eu insisti no Tales porque gostava muito dele”, diz. “Nessa de ser muito bom no que fazia, ele conseguiu se destacar apesar da questão da altura”.