‘The Witcher’ é aposta da Netflix para fisgar órfãos de ‘Game of Thrones’
Protagonizada por um caçador de monstros, a novidade do serviço de streaming entra na batalha pelo coração (e audiência) dos fãs de fantasia
O temível dragão aterroriza um vilarejo, matando nobres e cavaleiros — até ser morto por um simples sapateiro. A história na linha “Davi e Golias” narrada num tradicional conto de fadas polonês incomodava o vendedor de roupas Andrzej Sapkowski: ora bolas, faria mais sentido um profissional dar conta da tarefa de matar dragões, pensava Sapkowski. Nos anos 90, aos 40 e tantos anos, ele criou o bruxo e caçador de monstros Geralt de Rívia. Cinco romances e um milionário videogame depois, o autor — hoje aos 71 anos — ostenta o apelido de “Tolkien da Polônia”. Agora, cruza sua mais ambiciosa fronteira: a série The Witcher, inspirada na saga, acaba de chegar à Netflix.
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Henry Cavill troca o collant do Super-Homem pelo figurino do bruxo de cabelo platinado e olhos dourados. Ele é persona non grata nos vilarejos por onde passa, pois seres de sua estirpe são tratados pelos humanos como inferiores. Exceto, claro, quando se necessita do bombadão para matar uma criatura indesejada. Em paralelo às aventuras do bruxo estão o drama da princesa Ciri (Freya Allan), que foge de um reino em guerra, e a jornada da maga Yennefer (Anya Chalotra). Com vasta mitologia e personagens fantásticos que vivem dilemas típicos do mundo real, como preconceito e machismo, a série é mais uma aspirante ao título de “nova Game of Thrones”. Não que suas qualidades sejam notáveis: o primeiro episódio impressiona, mas os demais sofrem com o roteiro errático.
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Com The Witcher, a Netflix se sai melhor que a rival Amazon Prime e sua insossa Carnival Row. Mas a série é pouco para se impor como a nova fantasia predileta da TV. A própria Amazon deve contra-atacar em 2021 com uma produção da franquia O Senhor dos Anéis — a plataforma pagou 250 milhões de dólares pelos direitos da obra de J.R.R. Tolkien e investirá 1 bilhão em cinco temporadas. The Witcher já tem segunda temporada confirmada, mas precisará de músculos mais avantajados que os de Cavill para não fazer feio na batalha das séries de fantasia.
Publicado em VEJA de 25 de dezembro de 2019, edição nº 2666
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