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Como é o único local da Copa do Catar com cerveja liberada — a 75 reais

Fifa Fan Festival recebe milhares de torcedores por jogo e oferece uma série de atrações esportivas, musicais e culinárias (mas convém preparar o bolso)

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 nov 2022, 16h37 - Publicado em 23 nov 2022, 15h08

DOHA – A decisão da Fifa de proibir a venda de cerveja nos estádios da Copa do Mundo, anunciada dois dias antes do início da competição, causou enorme controvérsia com os torcedores e uma saia justa com o principal patrocinador do evento. No entanto, há em Doha uma zona oficial onde a bebida alcoólica está liberada, ainda que não por muito tempo e por preços nada convidativos. Localizado no Parque Bidda, em Doha, o Fifa Fan Festival impressiona por seu tamanho (pode receber até 40.000 pessoas) e estrutura, com quatro telões e atrações dos mais variados tipos.

A reportagem de VEJA visitou o local na última terça-feira, 23, para acompanhar a vitória da França sobre a Austrália, o último jogo do dia. A chegada de metrô, pela estação Corniche, se deu de forma tranquila. O espaço não estava lotado, mas alguns milhares de pessoas ocupavam, quase todos sentados no chão, os espaços localizados abaixo dos telões. Com entrada gratuita, o Fifa Fan Festival abre todos os dias de jogos, das 16h até as 2h da madrugada.

Lá dentro, tudo é caro, especialmente o item exclusivo e tão desejado. Um copo de cerveja de 500 ml sai por 50 riais cataris, o equivalente a 75 reais, e numa janela de tempo reduzida (de 19h a 1h).  A fila do líquido da discórdia não era das maiores, possivelmente pelo fato de a maioria do público ser formado por muçulmanos, cuja religião proíbe qualquer tipo de intoxicação. Mesmo sóbrios, cataris, sauditas, marroquinos e tunisianos exalavam animação com a primeira Copa no Oriente Médio. Em tese, a Fifa limita em no máximo quatro cervejas por cada visitante, mas não era raro avistar homens com mais copos na mão.

Não havia muitos brasileiros, mas diversos asiáticos desfilavam com camisas da seleção pentacampeã. “Torço pelo Brasil desde que assisti à Copa de 2002 com Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho. Depois Robinho, Adriano… hoje sou muito fã de Neymar”, contou o indiano Saranjith Drisya, que vestia uma camisa do atual craque da seleção. Ele vive há quatro anos no Catar trabalhando no setor de segurança e diz desfrutar de boa qualidade de vida.

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Desde que foi escolhido como sede da Copa, o Catar enfrenta uma série de denúncias sobre compra de votos, violações aos direitos humanos na construção dos estádios e uma série de limitações à liberdade de mulheres e homossexuais. O clima no Fifa Fan Festival, no entanto, era de harmonia e inclusão, com diversas mulheres presentes. “Confesso que fiquei um pouco preocupada, mas agora chegando aqui já me senti totalmente tranquila”, contou a cirurgiã-dentista brasileira Angela. Uma mulher mexicana também se disse à vontade, mas salientou que as restrições deixavam o Mundial “um pouco apagado.”

Atrações para todos os gostos, a um custo caro

O enorme espaço é utilizado pelas marcas patrocinadoras da Copa para as mais variadas formas de ativações. Crianças e adultos podem se divertir em uma tirolesa ou, claro, bater bola em atrações físicas ou virtuais. A sensação de que nunca houve uma Copa tão cara é rapidamente confirmada. A loja da Fifa, com camisas e diversos produtos oficiais, faz sucesso, mas os preços assustam. Um pequeno mascote da Copa, o simpático La’eeb, que faz referência ao tradicional lenço usado pelos árabes, custa 149 riais catari, ou seja, 220 reais.

A seção gastronômica segue o mesmo padrão, mas traz uma novidade interessante para satisfazer a todos os gostos: lanchonetes divididas por regiões (Oriente Médio, Ásia, África, Europa, etc). Há, no entanto, uma pisada de bola geográfica: itens da culinária mexicana, como burritos e tacos, são vendidos nas tendas da América do Sul e não do Norte. Uma quesadilla de frango saia por 35 riais (salgadíssimos 50 reais).

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Gafe: restaurante sul-americano só tinha comida mexicana
Gafe: restaurante sul-americano só tinha comida mexicana (Luiz Felipe Castro/VEJA)

E o futebol? Bem, a maioria dos presentes acompanhou atentamente a goleada da França, mas a festa não terminou com o apito final. Depois dos jogos, o palco principal recebe shows musicais – e pirotécnicos, pois os organizadores cataris não fazem questão nenhuma de economizar. Às 0h50, dez minutos antes do combinado, as vendas de álcool foram suspensas. “Queremos cerveja, queremos cerveja”, protestavam, sem sucesso, os torcedores mexicanos. Depois que as portas do Fifa Fan Festival foram fechadas, a farra seguiu sem hora para acabar pelas megailuminadas ruas de Doha. A Copa árabe é um tanto diferente e está apenas começando.

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