O Corinthians não paga o financiamento do Itaquerão desde maio de 2016, mas, enfim, chegou a um acordo com a Caixa Econômica Federal (CEF) para retomar o pagamento das mensalidades da arena. O custo agora será de cerca de 2 bilhões de reais. Com o novo contrato, a ser sacramentado nos próximos dias, o clube vai demorar mais tempo para quitar o estádio, mas arcará com um valor mensal menor.
O Corinthians pagava 5 milhões de reais por mês e agora passará a repassar pouco mais de 3 milhões de reais. O prazo do financiamento sobe de 12 para 20 anos e o valor total vai aumentar, em decorrência dos juros. Antes do novo acordo, a dívida estava na casa dos 1,6 bilhão de reais.
Além da alteração no valor da parcela e do prazo de pagamento, o clube também tentou mudar o item contratual pelo qual toda a renda obtida em jogos do Corinthians na arena tem de ser revertida para o fundo que administra as contas do Itaquerão. Não conseguiu. Assim, continua sem poder utilizar o dinheiro da bilheteria.
Os dirigentes comemoraram o acerto. O estádio ficará ainda mais caro, entretanto eles entendem que ganharão fôlego para administrar as finanças do clube e conseguir honrar os pagamentos em dia. No ano passado, ocorreram atrasos na quitação de salários, pagamento de transferências e do próprio financiamento da arena. Em maio, o Corinthians suspendeu os pagamentos, entrou em contato com a Caixa e solicitou novo acordo.
Os atuais dirigentes alegam que a dificuldade em honrar todos os compromissos se deve em grande parte a dívidas antigas, deixadas pelos últimos presidentes, que eram da mesma chapa do atual mandatário, Roberto de Andrade – a crise política fez com que se afastassem. Só a contratação do atacante Alexandre Pato obrigou a atual diretoria a pagar R$ 5 milhões. em dívidas.
Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, revelou no ano passado que o clube chegou a se ver obrigado a tirar dinheiro do futebol para pagar o estádio, o que não deveria ocorrer.
Uma auditoria independente está sendo realizada para o clube saber exatamente o que foi feito pela Odebrecht e o que resta para a arena ser concluída. A construtora admite que não entregou 100% da obra e alega ter usado parte do dinheiro então disponível para outras intervenções no local que custaram mais do que o esperado.
O vexame dos ‘naming rights’
A dificuldade em conseguir pagar a arena está diretamente ligado ao fracasso nas negociações do “naming rights” do estádio. Os dirigentes disseram diversas vezes, ainda enquanto o Itaquerão estava sendo construído, que venderiam o direito de batizar a arena a uma empresa rapidamente, mas as diversas notícias negativas sobre a obra – acidentes, alguns com mortes, possível envolvimento na Operação Lava Jato, etc – afastaram o interesse das marcas em ligar seus nomes ao da casa corintiana.
Em 2016, o Corinthians ficou muito próximo de fechar os “naming rights”, mas não conseguiu obter garantias financeiras da empresa com a qual negociava. No momento, não existe nenhuma negociação.
Em outubro passado, Andrés Sanchez admitiu estar disposto a aceitar um valor bem menor do que o esperado para poder fechar os “naming rights”. “Se chegarem com uns 300 milhões ou 200 milhões, eu aceito. O que pagarem a gente fecha.” O Corinthians insistiu por muito tempo em R$ 400 milhões.
(com Estadão Conteúdo)