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Dibu Martínez: goleiro argentino venceu fama de desajeitado e ostracismo

Jogador esperou por mais de uma década por protagonismo, superou desconfianças e até lesão crônica para estar no Catar; ainda dá para duvidar dele?

Por Klaus Richmond Atualizado em 26 nov 2022, 15h36 - Publicado em 26 nov 2022, 15h30
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  • Emiliano ‘Dibu’ Martínez se transformou do dia para a noite – e quando já era quase um “trintão” – em assunto viral entre torcedores da Argentina quando saiu como responsável direto por colocar a seleção alviceleste na decisão da última Copa América, ao defender três pênaltis da Colômbia na semifinal, adotando uma tática no mínimo peculiar: a de provocar incessantemente os rivais com palavras.

    “Sem dúvida, Emiliano Martínez entrou para a história. E não só porque defendeu três pênaltis e levou a seleção argentina a uma nova final da Copa América, mas porque falou e dominou as mentes colombianas até o momento das cobranças”, registrou o Diário Olé, minutos após o feito.

    Sem torcida, e com silêncio, foi possível ouvir claramente cada uma das palavras proferidas pelo camisa 23: “sinto muito, mas vou engolir você, irmão”, disse, antes de defender a segunda cobrança, de Sánchez.

    A principal, contudo, foi a do zagueiro Yerri Mina: “está nervoso, não é? Está nervoso. A bola está um pouco a frente. Vou engolir você, irmão, vou engolir você”. No último, curiosamente, ficou calado.

    “Hoje coube a mim ser o glorioso”, resumiu, logo após o término do confronto. Do vestiário, viralizaram mais imagens, as de “Dibu” Martínez imitando a dança característica do zagueiro Mina.

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    O herói argentino que virou símbolo de recuperação de protagonismo da seleção , ao lado de Lionel Messi, com a conquista da competição diante do Brasil, em pleno Maracanã, era quase um desconhecido até a atuação destacada. Neste sábado, 26, passa diretamente por ele a permanência na Copa do Mundo do Catar. A Argentina enfrenta o México buscando se manter viva no torneio.

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    “Dibu derramou muitas lágrimas para chegar aonde está”, disse Miguel Ángel Santoro, o Pepe Santoro, ídolo do futebol argentino ao Olé.

    Santoro é considerado por Martínez como o principal influenciador de sua carreira. Ex-goleiro, com larga carreira no Independiente e campeão do mundo em 1974, onde conquistou a condição de um dos maiores vencedores da Copa Libertadores, com quatro títulos, trabalhou em Martínez dificuldades que percebeu assim que chegou ao clube, aos 13 anos. O goleiro era considerado descoordenado, desajeitado e visto com futuro duvidoso até ali.

    Goleiro sofreu dois gols na estreia do Mundial -
    Goleiro sofreu dois gols na estreia do Mundial – (Catherine Ivill/Getty Images)

    “Ele chegou em 2006, vinha de Mar del Plata. Pepe o viu e trabalhou com ele por muitos anos. Era um jovem muito aplicado, que gostava de trabalhar e de progredir. Quando chegou, era um jogador normal: nem bom, nem mal, mas com Pepe foi desenvolvendo uma técnica muito boa. Eles reforçavam muito os erros, depois seguiu evoluindo muito na Europa, principalmente no trabalho com os pés”, disse a PLACAR Ariel Wiktor, ex-técnico de Martínez nas categorias de base, atualmente observador técnico do Independiente.

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    “Ele é um exemplo para as crianças hoje, pois conseguem ver como o trabalho o levou a chegar até ali. Com o trabalho ele melhorou tudo o que precisava melhorar. Foi trabalho, trabalho e trabalho, essa é e verdade”, completou.

    Dibu trouxe aos argentinos a memória das defesas de Sergio Goycochea, protagonista nos pênaltis durante a Copa do Mundo de 1990, campanha essa que terminou com o vice-campeonato, após a derrota por 1 a 0 para a Alemanha.

    Martínez ao lado de Messi e Lautaro contra os sauditas -
    Martínez entre Messi e Lautaro contra os sauditas – (Chris Brunskill/Getty Images)

    Cria das “canteras” do Independiente, Martínez estreou na seleção principal somente em 2021, nas Eliminatórias. Tem trajetória construída desde cedo fora do país, mas com contornos bem menos gloriosos do que o de referências como Lionel Messi e Sergio Kun Agüero.

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    Rumou em 2010, ainda aos 17 anos, para o Arsenal, da Inglaterra, e acumulou empréstimos a pequenos clubes do futebol inglês e espanhol sempre na tentativa da tão sonhada chance. Passou por Oxford United, Sheffield, Rotherham, Wolverhampton, Getafe e Reading. Ganhou a primeira grande sequência somente na reta final da temporada 2019/20, após a lesão de Bernd Leno. Foram 23 partidas.

    Entendendo que voltaria ao banco de reservas, apostou no interesse do Aston Villa para seguir jogando. Virou titular absoluto, disputou todas as 38 partidas do Campeonato Inglês na última temporada e ainda venceu o antigo clube nos dois encontros que teve: 3 a 0 no Emirates Stadium, em 8 de novembro, e 1 a 0 no Villa Park, em 6 de fevereiro.

    Sustos antes da Copa

    Neste ano, quase perdeu o Mundial devido ao agravamento de uma lesão crônica que carrega desde os 17 anos, no tendão patelar do joelho. “É uma dor patelar que tenho desde os 17 anos, que com dois ou três anos sem parar piorou um pouco. Vou ficar bem”, disse Martínez em junho deste ano, ao Clarín.

    Ele chegou também a ser substituído por uma joelhada na cabeça em um confronto na Premier League. Exames não detectaram fraturas ou um problema de maior gravidade.

    Dibu, até 2021, sequer sonhava em estar no Catar. Agora que chegou, espera aproveitar para repetir o sucesso da Copa América e entrar de vez para a história. Dá para duvidar?

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