Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99

João Fonseca e Guga Kuerten: quem começou melhor

É fascinante comparar o desempenho do carioca que acaba de estrear em um torneio do Grand Slam com o início da carreira do maior tenista brasileiro da história

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 jan 2025, 19h34 - Publicado em 14 jan 2025, 19h26

É inevitável: a vitória do tenista João Fonseca na primeira partida do Aberto da Austrália, ao vencer por 3 sets a zero o russo Andrey Rublev, deflagrou imediata comparação com o maior tenista brasileiro de todos os tempos, Gustavo Kuerten, três vezes vencedor de Roland Garros e número 1 do mundo do final de 2000 e ao longo de boa parte de 2001. Dito de outro modo: aos 18 anos, a idade de Fonseca, como estava Guga? Ele não tinha estreado em nenhum dos torneios da ATP Tour. Em competições do chamado Grand Slam, estrearia em 1996, ao disputar (e perder logo na primeira rodada) Roland Garros. Em 1997, já com 21 anos, e apenas 21 anos, o catarinense ergueria o troféu no saibro. Foi o jogador com a classificação mais baixa (66º) a fazê-lo, marcando o início de sua ascensão no mundo do tênis.

Fonseca encerrou a temporada de 2024, ano em que completou 18 anos, como número 145 do ranking. Guga, em 1994, quando fez 18 anos, terminou a temporada como o 418 do mundo.

Guga e João Fonseca
Guga e João Fonseca (//Reprodução)

Um outro modo de compará-los é por meio das premiações em dinheiro, habituais no tênis. Fonseca, com os resultados do ano passado e os deste início de 2025, já amealhou 970 000 dólares, o equivalente a 5,6 milhões de reais. Guga, àquela altura da carreira, tinha conseguido 2,5 mil dólares, pouco mais de 15 000 reais.

Na ponta do lápis, portanto, levando-se em consideração a marca inicial dos 18 anos bem vividos, Fonseca largou melhor que Guga – não é garantia de sucesso, no futuro, mas é excelente ponto de partida. A ver, portanto, o que terá feito Fonseca quando completar 21, a idade da glória inicial de Guga. O carioca – atual número 113 do ranking – é o mais jovem brasileiro a estrear em um torneio Grand Slam. Os comentaristas, e muitos dos grandes tenistas de hoje e do passado, já deflagram as comparações, sempre didáticas: o carioca é uma mistura do estilo de jogo de Jannik Sinner, o número 1 do mundo, de saque poderoso e potência no fundo de quadra, além de riqueza nas variações dos fundamentos, com o carisma de Guga.

Continua após a publicidade

Sucesso garantido?

O sucesso promissor de Fonseca – e a aventura histórica de Guga – remetem a uma fascinante troca de correspondências do mundo da literatura, atalho para entender a força da juventude. Em janeiro de 1942, o escritor Mário de Andrade (1893-1945) respondeu a uma carta que recebera de Fernando Tavares Sabino (1923-2004), a quem de chofre sugeriu que assinasse apenas Fernando Sabino. “Antes de mais nada: eu achava que os estreantes deviam pôr nos seus livros a idade que têm. Que idade tem você? Isso importa extraordinariamente nesse caso como o seu, por causa justamente das possibilidades fartas. Se você está rodeando os vinte anos, de vinte a vinte e cinco como imagino, lhe garanto que o seu caso é bem interessante, que você promete muito. E o livro, neste caso, é bom. Mas se você já tem trinta ou trinta e cinco anos, já estudou muito (você parece de fato se preocupar com a expressão linguística) e está homem-feito, não lhe posso dar aplauso que valha.” Sabino tinha 18 anos e era mais conhecido em Belo Horizonte pelas vitórias nos campeonatos de natação do que por sua disposição de mergulhar fundo na literatura. O resto é história, um encontro marcado com a fama.

Fonseca pode, sim, trilhar o caminho de Guga.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.