Luka Dončić no Lakers: como a surpreendente transferência abalou as estruturas da NBA
Astro do Dallas Mavericks foi trocado na madrugada de sábado em um dos movimentos mais surpreendentes da liga de basquete dos Estados Unidos

Quando as primeiras notícias sobre a negociação de Luka Dončić, o ala-armador do Dallas Mavericks, para o Los Angeles Lakers, trocado pelo pivô Anthony Davis, começaram a surgir, ainda na madrugada de sábado, 1, para domingo, 2, muitos não acreditaram. O jornalista Shams Charania, responsável por dar o furo, teve que reforçar a mensagem de que não se tratava de “fake news”. O ala Kevin Durant, ainda no banco nos minutos finais da partida entre Phoenix Suns e Portland Trailblazers, olhava para o celular e dizia que a troca era “insana”.
Além de ter sacudido as estruturas da liga simplesmente por envolver dois dos principais nomes da atualidade, a negociação chama a atenção para temas como a lealdade das equipes com seus astros e a falta de transparência.
Para o Lakers, a troca foi extremamente benéfica. O time de Los Angeles cedeu um pivô prestes a completar 32 anos que, embora ainda esteja jogando bem, já não está mais no auge, além do jovem Max Christie e de uma futura escolha na primeira rodada do Draft de 2029. E recebeu simplesmente um dos maiores jogadores não apenas da atualidade, como possivelmente de todos os tempos. O Utah Jazz, por ter facilitado o acordo, receberá o jovem talento do Lakers Jalen Hood-Schifino e duas escolhas de segunda rodada do Draft em 2025.
A lista de feitos de Dončić é impressionante. A título de contextualização, foi o primeiro a marcar um triplo-duplo de 60 pontos e 20 rebotes, 250 pontos, 50 rebotes e 50 assistências em um período de cinco jogos e uma média de triplo-duplo de 50 pontos em um período de dois jogos. Tornou-se o jogador mais jovem na história da NBA a liderar a liga em triplos-duplos (21 anos, 168 dias). O recorde anterior era detido por Magic Johnson. Registrou vinte jogos seguidos com pelo menos 20 pontos, 5 rebotes e 5 assistências, o maior número desde a fusão ABA-NBA de 1976–77. O recorde anterior era de ninguém menos que Michael Jordan, com 18 jogos consecutivos. Há muito mais.
Muitos ficaram tentando entender as motivações do Dallas Mavericks de fazer essa troca, ainda mais da maneira como a negociação foi conduzida. O gerente-geral dos Maverick, Nico Harrison, justificou a transferência dizendo: “Acredito que ter um pivô All-Defensive e um jogador All-NBA com uma mentalidade defensiva nos dá uma chance melhor. Fomos feitos para vencer agora e no futuro”. Parece uma justificativa fraca, já que seria possível montar um time defensivo ao redor de Dončić.
O mais surpreendente é que nem mesmo os jogadores sabiam da transferência. Tudo foi feito às pressas, de forma quase sorrateira. Se as outras equipes da liga soubessem da possibilidade de que Dončić estava de saída dos Mavericks, as ofertas teriam sido muito mais tentadoras do que o time de Dallas conseguiu.
Em um post nas redes sociais, o astro dos Mavericks comentou a saída de forma melancólica. “Querida Dallas, sete anos atrás eu cheguei aqui como um adolescente para correr atrás do meu sonho de jogar basquete no mais alto nível. Pensei que passaria minha carreira aqui e quis tanto trazer um campeonato para vocês. O amor e o apoio que recebi de vocês é mais do que jamais sonhei. Para um jovem que saiu da Eslovênia e foi para os Estados Unidos pela primeira vez, vocês fizeram o norte do Texas parecer minha casa˜, escreveu. Também trocou sua foto de perfil por uma faixa preta, agradeceu aos companheiros de time e disse que vê a ida ao Lakers como uma grande oportunidade e que continuará jogando basquete com a mesma alegria.
Outros jogadores da liga criticaram a decisão dos Mavericks, vista quase como uma traição. O astro do Milwaukee Bucks, Giannis Antetokounmpo, por exemplo, afirmou que não pode existir um sistema de “dois pesos, duas medidas” no basquete, e que assim como um time se desfaz de um jogador, seja ele um astro ou não, um jogador que toma a decisão de sair de um time pois considera alguma oferta mais interessante ele não pode ser julgado negativamente. E pontou que “ninguém está a salvo” de eventuais negociações.