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O fator Vinicius Junior: estrela da Copa ou 12º jogador de Tite?

Treinador manteve mistério, mas deve escalar o jovem do Real Madrid e ter time super ofensivo na estreia diante da Sérvia. Dá para jogar assim sempre?

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 nov 2022, 12h05 - Publicado em 24 nov 2022, 05h16

DOHA – Ele é uma das estrelas da seleção brasileira, o mais requisitado pelo mercado publicitário, à frente até mesmo de Neymar, tudo isso sem ser titular absoluto. Ou será que a vaga foi garantida? Vinicius Junior, 22 anos, é a bola da vez no time de Tite que nesta quinta-feira, 24, estreia no Copa do Mundo diante da Sérvia, às 16h (de Brasília), no estádio Lusail. O técnico não confirmou a escalação na véspera, mas a tendência é que o jovem do Real Madrid forme parte de um ataque poderoso, ao lado de Neymar, Raphinha e Richarlison. A dúvida que fica é: dá para jogar toda a Copa tão para frente assim?

Caso a entrada de Vinicius seja confirmada, Tite abrirá mão do esquema com o qual mais se sentiu à vontade e seguro ao longo do ciclo para o Catar – com enorme solidez defensiva, o Brasil sofreu apenas 19 gols e marcou 111 em 50 jogos desde a Copa de 2018. Não foi uma ideia de supetão: a alternativa já vem sendo exaustivamente treinada desde os últimos amistoso e o início da preparação em Turim. Quem perde a vaga é Fred, de modo que Lucas Paquetá seja recuado para acompanhar o “cão de guarda” Casemiro. O time então passaria a ter dois pontas clássicos (o canhoto Raphinha pela direita e o destro Vini pela esquerda), com Richarlison de centroavante e Neymar com mais liberdade pelo centro, como um autêntico 10. A provável mudança só será possível graças ao fator Vinicius.

Não foi o sorriso contagiante, nem os apelos populares que alçaram o atacante revelado pelo Flamengo a esta condição. Tampouco foram as atuações pela própria seleção (em 16 jogos, marcou apenas um gol, contra o Chile, e teve pouco brilho). Mas o evidente desenvolvimento tático e técnico que teve no último ano atuando pelo Real Madrid, com a ajuda do técnico favorito de Tite, o italiano Carlo Ancelotti, a quem o gaúcho recorreu em busca de dicas sobe o garoto. Autor do gol que deu o título da última Liga dos Campeões ao gigante espanhol, Vini vai ainda melhor na atual temporada, com 10 gols e cinco assistências em 21 jogos. A afobação para finalizar diminuiu na mesma medida em que a confiança, que sempre foi seu ponto forte, cresceu ainda mais.

O bom comportamento de Vini, que jamais deu declarações cobrando sua titularidade na marra, também pesa a seu favor. “Sempre fui muito tranquilo sobre a pressão, sobre ser uma estrela como vocês falam. (…) Jogo no Real onde a estrela é o Karim [Benzema] e na seleção onde a estrela é o Neymar. Gosto muito de escutá-los e aprendo bastante”, afirmou na preparação, humilde, em entrevista a Reuters. Mas para que o garoto de São Gonçalo (RJ) se consolide na equipe canarinho é preciso que a formação dê liga, o que pode não ser tão simples.

Neymar estreará em seu terceiro mundial -
Presente e futuro: Vini é visto como sucessor natural de Neymar na seleção – (Lucas Figueiredo/CBF)
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“Ambas as formações são ofensivas, mas com dois pontas o time tem mais velocidade, com Paquetá o time joga com mais bola no pé, menos aceleração, por dentro. Mas depende muito, cada jogo pede uma coisa”, explicou Raphinha, instruído por Tite a não entregar, sob hipótese alguma, o mistério, dois dias antes da estreia. Na véspera, o técnico disse estar “se coçando” para revelar o time, algo que fazia com frequência no último Mundial, mas contou que foi convencido pela comissão técnica a esconder o jogo até o último instante para não dar munição ao adversário. É o hexa que está em jogo, afinal.

“Não acredito em encher um time de atacante, nem de zagueiro. Entendo que o ponto de equilíbrio está no meio-de-campo, nas articulações”, desconversou o treinador. No fim, quem deu a melhor pista foi Thiago Silva, ao dizer que Neymar hoje “divide mais responsabilidades”, pois há “jogadores de um contra um incrível, que abrem espaço” para o camisa 10 jogar “entrelinhas”. Com bom humor, Tite interveio e pediu que o capitão parasse de entregar seu plano.

Tite já chegou a testar uma formação com dois pontas em alguns jogos, mas nas primeiras vezes Neymar foi escalado como um “falso 9”, em um time sem centroavantes. Funcionou. Já nos últimos amistosos pré-Copa, o time venceu Gana por 3 a 0 com esta formatação, que obriga que tanto Vini quanto Raphinha ajudem mais na recomposição, algo que ambos já fazem em seus clubes, uma exigência mínima do futebol moderno, mas que muitos torcedores ainda confundem com retranca. O fato de os laterais Danilo e Alex Sandro terem maior vocação defensiva, raramente deixando a última linha exposta, os ajuda a não se desgastar tanto. Mas para que Tite mantenha a ousadia, o plano tem de funcionar diante do perigoso time da Sérvia.

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O próprio técnico da seleção adversária, o ex-meia Dragan Stojkovic, que também é adepto de futebol para frente, brincou com a situação. “O Brasil vai com quatro atacantes? Será que vai ter alguém na defesa?”, disse, para depois, ele próprio, jogar recuado. “O Brasil é um grande time, um dos favoritos e considero esta uma geração de ouro.” A seleção do leste europeu, que terminou na liderança de seu grupo nas Eliminatórias, à frente de Portugal, também desfruta de uma safra rica: os talentosos Dusan Tadic; Aleksandar Mitrovic e Dusan Vlahovic estão confirmados na frente, enquanto Filip Kostic, outro bom meia da Juventus, é dúvida por lesão.

Há ainda outro fator a ser observado no ataque brasileiro: a enorme concorrência. Vini pode ter largado na frente, com méritos, mas enfrenta a sombra de Gabriel Martinelli, do Arsenal, constantemente elogiado por Tite. Antony, em tese o reserva de Raphinha, também já foi testado e aprovado do lado esquerdo. Rodrygo, Gabriel Jesus e Pedro completam a lista de candidatos a embaralhar a cabeça de Tite. A comissão técnica já avisou que pretende fazer as cinco substituições durante os jogos e é provável que haja grande mescla entre titulares ao longo da campanha. Bruno Guimarães é outro a pedir passagem, no meio.

Vinicius, portanto, deve receber uma chance de ouro para se firmar no time e, quem sabe, se transformar em um candidato a craque da Copa. Na pior das hipóteses, deve ser uma espécie de 12º jogador – seu fôlego e velocidade podem ser armas importantíssimas de segundo tempo no calor do Oriente. Uma importante história deste Mundial começa a ser escrita nesta quinta, a partir das 16h (de Brasília), no estádio de Lusail.

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O provável 11 titular do Brasil para a partida deve ter: Alisson; Danilo, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro; Casemiro, Paquetá, Raphinha, Neymar e Vinicíus Júnior; Richarlison. Já a Sérvia deve ir a campo com: Vanja Milinkovic-Savic; Milenkovic, Veljkovic e Pavlovic; Zivkovic, Gudelj, Sergej Milinkovic-Savic, Mladenovic (Kostic) e Tadic; Mitrovic e Vlahovic.

NO TOPO - Vinicius Jr. e Neymar: passeio nas Eliminatórias -
Vinicius Jr. comemorando seu único gol pela seleção, diante do Chile, no Maracanã (Lucas Figueiredo/CBF)
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