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‘O skate feminino não para de surpreender’, diz bicampeã mundial

A brasileira Pâmela Rosa, 22, começou a carreira como uma das poucas mulheres na pista, mas hoje sonha com o ouro em Paris 2024

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 dez 2021, 09h06 - Publicado em 18 dez 2021, 09h00
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  • Líder do ranking mundial de skate street, Pâmela Rosa começou o ano de 2021 com derrotas e uma lesão que lhe custou as finais das Olimpíadas de Tóquio. Mas aos 22 anos, a atleta deu a volta por cima e em novembro se consagrou bicampeã mundial após vitória no Mundial em Jacksonville, na Flórida. A skatista ainda conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos Júnior em Cali e ficou em segundo lugar no Oi STU Open, competição celebrada no início de dezembro no Rio de Janeiro.

    Em entrevista a VEJA, a paulista natural de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, falou sobre seu início no skate, a decepção de ser eliminada em Tóquio e as expectativas para Paris 2024. A bicampeã também celebrou o crescimento da popularidade do seu esporte, especialmente entre jovens mulheres. “O skate feminino não para de surpreender, com uma melhora no nível técnico a cada nova competição”, disse. Leia a entrevista completa a seguir.

    Como começou a andar de skate? Um colega da minha irmã foi fazer um trabalho de escola lá em casa e levou um skate. Assim que vi ela andando me interessei, por isso costumo dizer que foi amor à primeira vista. Na semana seguinte já estava do lado de fora da pista da minha cidade, acompanhando os treinos. Eu queria muito meu próprio skate, mas naquele momento minha família não tinha condições de comprar. Mas eu estava tão envolvido por esse novo esporte que eles fizeram um esforço, deixaram de pagar as contas de luz e gás do mês e realizaram meu desejo. Depois disso nunca mais parei.

    Havia outras atletas do sexo feminino nas pistas e campeonatos que você frequentava? No início não. Treinava com um grupo de 30 meninos na minha cidade e só via outras mulheres do lado de fora, assistindo. Mas felizmente isso está mudando e o skate feminino não para de surpreender, com uma melhora no nível técnico a cada nova competição. Mas não há dúvidas que ainda há espaço para melhorar.

    O que falta para que haja igualdade no skate? Mais investimento, especialmente em patrocínio e em campeonatos inclusivos. Nos meus primeiros cinco anos de carreira meus pais tiveram que bancar todos os gastos com treinamento, equipamentos, viagens e cuidados médicos sozinhos e não foi nada fácil. Espero que os novos talentos não precisem passar por isso.

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    Nas Olimpíadas de Tóquio você ficou de fora da final. Como se sentiu? Fiquei bastante decepcionada. Eu torci o pé dois dias antes de embarcar para os Jogos e lesionei o ligamento do tornozelo, o que dificultou muito meu desempenho. A verdade é que 2021 não começou bem para mim, sofri muitas derrotas. Mas mantive a calma e dei a volta por cima no Mundial em Jacksonville. Foi muito gratificante ser coroada bicampeã depois de momentos difíceis.

    E quais são suas expectativas para o futuro? Meu objetivo maior é continuar treinando e trazendo prêmios para casa. Mas não vou negar que a medalha olímpica ainda é um sonho e que penso muito em Paris 2024. Existe alguma rivalidade entre os atletas brasileiros de skate que te incomoda? Não. Entramos na pista para nos divertir e trazer bons resultados para o Brasil, nada mais.

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