Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Opinião: um ano de SAF, um novo horizonte para o futebol brasileiro

Tripé formado por lei das sociedades anônimas de futebol, união dos clubes por liga e uma CBF mais aberta nos permite sonhar com um futuro promissor

Por Eduardo Carlezzo*
6 ago 2022, 15h45

Sociedade Anônima do Futebol, SAF. Essas foram as três letras mais quentes e envolventes do futebol nacional em 2022. Convulsionou e faz sonhar gigantes torcidas que estavam adormecidas e ao mesmo tempo mexeu com a estrutura do futebol brasileiro. Neste sábado, dia 6 de agosto, a lei completa um ano de vida. Devemos comemorar?

Antes de responder, voltemos um pouco no tempo, mas não necessariamente muito, e vejamos o assunto de uma forma conjectural.

Quando olhamos para o início de 2021 percebe-se que o panorama da organização do futebol brasileiro não era nada animador, pois não havia no radar qualquer sinalização quanto à criação de uma liga, a CBF continuava sendo comandada por interesses exclusivamente personalistas e os clubes se afundavam em dívidas, alavancadas pela pandemia, sem nenhum elemento ou fato novo capaz de trazer algum alento. Neste contexto, sob uma ótica conjuntural, minhas expectativas eram realistas-pessimistas.

Passados alguns meses, em junho, surpreendentemente, os clubes voltaram a se organizar visando a criação de uma liga profissional para gestão das séries A e B. Tive a oportunidade de ser diretor jurídico da Primeira Liga, do início ao fim, e sei na prática as barreiras e dificuldades que se colocam para a realização deste objetivo. Não obstante isso, desta vez tudo indica que vai dar liga.

Em 6 de agosto de 2021 foi publicada a lei da SAF, que aos poucos instaura as premissas para um novo ambiente empresarial no futebol e, sobretudo, uma nova mentalidade na gestão e organização dos clubes, seguindo o que já ocorre em todos os países macroeconomicamente relevantes. Claramente tínhamos duas opções: seguir os argentinos, para quem o assunto relacionado a transformação de clubes em empresa é quase proibitivo, ou seguir os ingleses, italianos, franceses e espanhóis e abrir o mercado para o investidor. Felizmente, prevaleceu a segunda hipótese.

Continua após a publicidade

Ademais, me colocava entre aqueles que não viam nenhuma luz no fim do túnel para uma mudança de orientação na CBF devido a décadas de gestões que solaparam a entidade e apequenaram o futebol brasileiro no contexto mundial. Por isso, as ações tomadas pelo novo presidente, Ednaldo Rodrigues, têm sido uma grata e positiva surpresa, trilham o caminho certo e colocam a entidade a serviço do futebol, e não o inverso.

Quando conectamos esses três importantes pilares, quais sejam, SAF, liga e uma CBF aberta ao futebol e favorável a liga, que liberam definitivamente as travas que pareciam ser insuperáveis para o crescimento dos clubes e das competições nacionais, o futuro parece ser muito promissor.

Agora, tenhamos claro que deixamos de ser o país do futebol há muito tempo. O dia a dia mostra isso, pois todos conhecemos uma infinidade de pessoas que não se interessam por futebol, fato ilustrado por pesquisas recentes que mostram que 51% dos brasileiros não têm nenhum interesse na Copa do Mundo (Datafolha) e 24,4% não torcem para nenhum clube (Globo/Ipec). São números expressivos e que acendem uma luz vermelha. Sorte nossa, porém, que somos um país de 212 milhões de habitantes e o fator demográfico acaba por atenuar um pouco esse problema.

Continua após a publicidade

Ainda que tenhamos este aspecto negativo a ser devidamente tratado, devido a conexão entre os três citados pontos fundamentais deixei de ser um realista-pessimista para ser otimista, pois nunca tinha visto uma conjunção dos fatores estruturais mais relevantes do futebol nacional conspirarem, positivamente, na mesma direção. É claro que não podemos fechar os olhos aos problemas e que vários clubes carregam um endividamento pesado. Porém, antes não havia uma solução clara para dívidas impagáveis, agora essa alternativa está aberta a todos os interessados e os exemplos já são visíveis nos casos do Cruzeiro, Vasco e Botafogo.

Fica estendido o tapete para todo o investidor, brasileiro ou estrangeiro, interessado em apoiar o desenvolvimento e crescimento dos clubes brasileiros. Viva a lei da SAF, viva o capitalismo e viva a democracia.

*Eduardo Carlezzo é advogado, sócio do Carlezzo Advogados e especialista em direito desportivo

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.