Na última sexta-feira, sentados na primeira fila do anfiteatro do Estádio Parque dos Príncipes, estavam apenas os mais próximos de Neymar, na vida e nos negócios: ao lado esquerdo do pai, o empresário brasileiro Wagner Ribeiro, que conduziu toda sua vida esportiva até a ida para o Barcelona e hoje é considerado mais que um conselheiro, mas, sim, um membro da família. À direita de Nadine, a mãe, outro agente de jogadores de futebol: o israelense Pini Zahavi, apontado como artífice na negociação que foi concluída na última quinta-feira e que repartirá com Neymar e Ribeiro a bagatela de 140 milhões de reais a título de comissão pela venda do jogador ao Paris Saint-Germain.
Pini tem 73 anos e iniciou sua carreira no futebol em 1979. Ele abandonou o emprego como jornalista para organizar a transferência de um zagueiro de Israel, Avi Cohen, do Maccabi Tel-Aviv para o time inglês do Liverpool pela soma equivalente hoje a 300.000 euros. Sua primeira grande negociação de um jogador nascido fora de seu país somente aconteceu anos mais tarde, quando conduziu o zagueiro inglês Rio Ferdinand do West Ham para o Leeds United e, posteriormente, do Leeds para o Manchester United.
Para o público brasileiro, Pini ficou conhecido à época em que o futebol do Corinthians foi administrado pela infame parceira MSI, representada pelo iraniano Kia Joorabichian. Kia e Pini foram os responsáveis pela contratação do argentino Carlitos Tevez, grande nome da conquista do Campeonato Brasileiro de 2005. No ano seguinte, Tevez se transferiu para o West Ham em negociação conduzida pelo empresário israelense. Aliás, foi pela atuação de Pini que se criou a possibilidade de um jogador ser propriedade de um grupo de investidores e não apenas de um clube – prática que acabou proibida pela Fifa em maio de 2015 –, como o próprio Neymar era dividido entre Santos e o Grupo DIS, do Brasil.
Com bom trânsito entre os clubes europeus, Pini Zahavi tem a fama de se aproximar da família dos craques brasileiros – até mesmo daqueles que já possuem representantes, para a ira dos agentes brasileiros. Em 2011, quando Neymar ainda estava no Santos, Pini tentou levar o jovem atleta ao Chelsea, da Inglaterra. Também foi o israelense que tentou negociar Neymar com a dupla de Manchester, City e United, que não se interessou pelo negócio por achar muito caro.
Enquanto isso, o PSG, abonado pelos recursos (quase) ilimitados do seu dono catariano, viu em Neymar a chance de ter um grande craque e com potencial de ser o melhor jogador do mundo. Em 2016, o time francês fez uma investida através de Wagner Ribeiro, que intermediou um encontro entre Neymar pai e filho com o xeique Nasser Al-Khelaifi, presidente do clube francês, no balneário espanhol de Ibiza, na Espanha. Mas foi na aproximação deste ano, através de Pini, que a transferência foi bem-sucedida. O israelense tem ótima relação com o diretor de futebol do Paris, o português Antero Henrique. Para os franceses do L’Équipe, foi do veterano empresário o “golpe de mestre” na venda de Neymar. Os 140 milhões de reais de comissão são prova inconteste desse fato.