Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Renato Gaúcho, técnico sem firulas: ‘Estudo futebol do meu jeito’

Treinador do Grêmio revela seus métodos e rebate críticos. "Meu hobby é ir à praia. Tem treinador que gosta de pescar, outros de viajar, qual é o problema?"

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 fev 2018, 12h17 - Publicado em 4 set 2017, 10h47

Renato Portaluppi está em alta. Neste mês, o ídolo do Grêmio completará um ano no comando da equipe gaúcha acumulando ótimos resultados: foi campeão da Copa do Brasil de 2016, é vice-líder do Campeonato Brasileiro e segue na briga pelo título da Libertadores. O bom momento não surpreende o ex-jogador, que ficou mais de dois anos desempregado desde a demissão do Fluminense em 2014. Aos 54 anos, Renato Gaúcho se vê como um treinador consolidado e sonha até com seleção brasileira. E garante ser um profissional dedicado, mas sem firulas: “Estudo do meu jeito”, garante.

Após o título da Copa do Brasil do ano passado, Renato causou desconforto em alguns colegas de profissão ao dizer que “quem precisa aprender, vai para a Europa estudar, e quem não precisa vai à praia”. Vivendo em um hotel em Porto Alegre, bem longe do mar do Rio de Janeiro, Renato diz que passa a maior parte do tempo assistindo a jogos pela TV. E acredita que as experiências vividas como atleta são a base de seu trabalho. Um dia antes de aplaudir a si mesmo na entrevista coletiva após a goleada sobre o Sport, o treinador falou sobre seus métodos e objetivos na carreira em entrevista no centro de treinamento do Grêmio, em Porto Alegre.

O senhor parece mais sereno e maduro. Este é o melhor momento de sua carreira? Não sei se é o melhor, mas certamente está entre os três melhores. Sempre evoluimos à medida que vai ficando mais velho, aprende a respirar e contar até dez e essa experiência ajuda a crescer. Tive bons trabalhos em outros clubes e hoje vivo um momento maravilhoso no Grêmio.

Fez algo de diferente nos últimos anos para evoluir na profissão? A que se deve o seu sucesso como treinador? Ao  conhecimento que adquiri quando jogava. Trabalhei com os melhores técnicos do Brasil, joguei durante dez anos na seleção, e por ali tirei bastante coisa e aprendi muito. Hoje em dia o discurso está muito bonito, ao contrário do futebol. Muitas vezes mudam os termos técnicos, a forma de chamar a posição de um jogador, mas, em resumo, o trabalho do treinador é o mesmo de antigamente.

A sua frase “quem precisa aprender vai estudar na Europa, quem não precisa vai a praia” causou muita controvérsia. Segue pensando assim? Não tenho nada contra quem vai para a Europa, faz cursos. Cada um tem seus métodos para buscar conhecimento e eu tenho os meus. Eu estudo do meu jeito e uso tudo que aprendi como jogador. O mais importante na minha profissão são os resultados e os meus estão aí. E o meu hobby é ir à praia jogar futevôlei. Tem treinador que gosta de pescar, outros de viajar, qual é o problema?

Assistir jogos pela TV faz parte de seus métodos? Claro, o que mais faço é assistir jogo, do futebol europeu, Brasileirão, Libertadores, Série B… Até porque moro em hotel aqui em Porto Alegre e o que mais tenho é tempo. Assistir a jogos é a minha maneira de estudar.

Qual clube o senhor gosta de ver jogar? Eu adoro ver o Real Madrid, o Barcelona… Mas o treinador monta seu esquema de jogo de acordo com as peças que tem. E o esquema que eu introduzi aqui no Grêmio está muito bem.

Continua após a publicidade

O senhor sempre foi a favor de o time concentrar em hotel ou mudou de ideia depois que virou técnico? Sempre fui a favor, mesmo quando jogava. A concentração é fundamental para o jogador brasileiro, não temos a cabeça do europeu, que é muito mais responsável. Sempre achei importante, desde que não seja por muitos dias, se não fica cansativo e o grupo não gosta. Mas um dia antes do jogo, principalmente, antes de partidas importantes, é muito válido. Na Europa dá para abolir, mas aqui não.

O senhor teve uma experiência curta e frustrada como jogador da Roma, entre 1988 e 1989. Por que sua passagem pela Europa não deu certo? Infelizmente não consegui jogar. Acho que todo estrangeiro precisa de pelo menos um ano de adaptação e justamente quando eu estava adaptado a tudo em Roma apareceu a chance de retornar ao Flamengo. Infelizmente na Itália tive três estiramentos, que me deixaram fora quatro ou cinco meses, e isso me atrapalhou. Eu tinha contrato por mais dois anos e tenho certeza que me daria bem na Roma, mas apareceu a chance de voltar para o Brasil ganhando praticamente o que eu ganhava lá. Não me arrependo.

Neste ano, clubes europeus ultrapassaram tranquilamente o valor de 100 milhões de euros em transferências. É justo pagar tanto por um jogador ou são valores exagerados?  Acho que quando a pessoa é boa em sua profissão, ela tem de ganhar bem mesmo. Não vou dizer se é muito ou pouco, cada clube sabe o que está fazendo com seu dinheiro. É claro que jogadores diferenciados como Neymar e Philippe Coutinho têm de ganhar bem. E o que os ajuda é que hoje, no mundo todo, há poucos craques de verdade, então os que são bons têm de ganhar bem mesmo. São números elevados, sim, mas se os clubes estão pagando é porque têm para gastar.

Renato Gaúcho, em 1981.
Renato atuando pela seleção (Foto: Rodolfo Machado/VEJA)
Continua após a publicidade

Quanto o senhor valeria hoje se ainda jogasse? É difícil falar… Eu sempre brinco com os jogadores que eu nasci na época errada. Não só eu, mas toda a minha geração. Humildemente, te digo que na minha época havia muitos craques e pouco dinheiro. Pouco em relação ao que se vê hoje. Nasci na época errada, mas fazer o que? Eu ganhei bastante dinheiro também, mas se fosse hoje com certeza estaria muito mais rico.

O que o senhor tem achado da seleção brasileira a menos de um ano da Copa? Temos de dar os parabéns ao Tite. Ele resgatou a alegria do torcedor brasileiro de acompanhar a seleção, a harmonia do time, a seleção é novamente respeitada no mundo todo.

Dirigir a seleção é um objetivo claro em sua carreira? É lógico que é. Hoje a seleção está muito bem servida, o Tite é um dos melhores técnicos do mundo, mas todos têm a sua chance. Eu trabalho para ganhar títulos nos clubes e um dia chegar à seleção brasileira. Esse era meu sonho com 18 anos, jogar bem no Grêmio e chegar à seleção, e eu consegui. Claro que penso o mesmo como treinador. Não vai ser agora, mas tenho certeza que lá na frente terei a minha chance.

Continua após a publicidade

E trabalhar na Europa? Não, isso está fora de cogitação, não tenho esse desejo. Não posso dizer 100%, mas 99,9% de certeza que não trabalharei na Europa. Eu gosto do Brasil, me sinto bem aqui, e teria de ter muitas mudanças na minha vida para que isso acontecesse.

Renato Gaúcho - Coletiva
Renato Gaúcho posa com busto (de óculos escuros) que ganhou de presente de um torcedor (TV Grêmio/Reprodução)
Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.