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Retrospectiva: A queda de Carlos Nuzman do comando do COB

Dirigente, que mandou no esporte olímpico brasileiro por 22 anos e foi o chefão da Rio-2016, caiu sob suspeita de corrupção

Por Marcelo Laguna
30 dez 2017, 08h54
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  • Nem em seus piores pesadelos Carlos Arthur Nuzman poderia imaginar um final de carreira como dirigente esportivo tão inglório. Aos 75 anos, o homem que durante 22 anos foi o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e que liderou o comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016, viu tudo desabar em uma cela no presídio de Benfica, zona norte do Rio de Janeiro.

    Detido no dia 5 de outubro por agentes da Polícia Federal, como um dos alvos da operação Unfair Play (jogo sujo, em inglês), braço da Operação Lava Jato, Nuzman foi acusado como um dos responsáveis por um esquema de compra de votos para o Rio de Janeiro ser eleito sede da Olimpíada de 2016.

    Segundo a investigação, Nuzman teria envolvimento com o empresário Arthur Soares, que está foragido, e o ex-governador Sérgio Cabral, no pagamento de propina a um ex-membro do COI (Comitê Olímpico Internacional), o senegalês Lamine Diack, ex-presidente da Iaaf (Associação das Federações Internacionais de Atletismo). Mensagens de Papa Massata, filho de Diack, enviadas a Nuzman, cobrando o pagamento da propina combinada, ajudaram a complicar a vida do dirigente brasileiro.

    Sergio Cabral e Carlos Arthur Nuzman
    Segundo o Ministério Público, Sérgio Cabral e Carlos Arthur Nuzman teriam articulado um esquema para comprar o voto do senegalês Lamine Diack, ex-membro do COI (Ian Walton/Getty Images)

    Com a prisão de Nuzman, atingiu-se também o ponto alto das várias investigações que vinham tendo como objeto principal o esporte olímpico brasileiro. Tanto as coisas não estavam bem que antes de Nuzman, Coaracy Nunes, com quase três décadas no comando da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos), também passou uma temporada na prisão, ao lado de outros importantes dirigentes da entidade. Denúncias de corrupção e mau uso de dinheiro público fizeram com que o antigo presidente da CBTKD (Confederação Brasileira de Taekwondo) perdesse seu cargo via Justiça.

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    A queda do ex-presidente – que nos 15 dias em que esteve preso primeiro solicitou seu afastamento e depois renunciou ao cargo – provocou uma verdadeira revolução dentro do COB. No lugar do estilo linha-dura e pouco aberto ao diálogo do antigo dirigente, veio o perfil conciliador e mais aberto de Paulo Wanderley, antigo presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô). Nos últimos anos, a modalidade consolidou-se como uma das mais vencedoras no esporte olímpico brasileiro, colecionando medalhas em Jogos Olímpicos, Mundiais e Pan-Americanos.

    Wanderley, que era o vice de Nuzman, resolveu atender aos pedidos para uma mudança geral no COB e promoveu uma profunda reforma no estatuto do COB, inclusive ampliando a presença de atletas no colégio eleitoral da entidade, uma antiga reivindicação. No primeiro ano do ciclo rumo aos Jogos de Tóquio-2020, o esporte olímpico brasileiro tenta reencontrar um novo caminho.

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