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Rival do Palmeiras é ‘time da massa’ no Egito e tem história política

Maior clube do país, Al Ahly foi fundado nos tempos da ocupação britânica e se envolveu em protestos que derrubaram o presidente Hosni Mubarak em 2011

Por Da Redação Atualizado em 8 fev 2022, 10h31 - Publicado em 8 fev 2022, 10h22
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  • ABU DHABI – Quando o Palmeiras pisar no gramado do estádio Al Nahyan, no centro de Abu Dhabi, nesta terça-feira, 8, pela semifinal do Mundial de Clubes, ficará frente a frente com uma das mais tradicionais e apaixonadas instituições do Egito. Mais do que o maior clube de futebol do país, com 42 títulos nacionais e 37 Copas, o Al Ahly (cujo nome quer dizer “nacional” em árabe” se mistura com a própria história e política da nação africana.

    Considerado um time de massa, que se gaba de ter até 70 milhões de torcedores, o Al Ahly foi fundado por ativistas no Cairo em 1907, nos tempos da ocupação britânica, para congregar egípcios excluídos dos clubes frequentados pelos estrangeiros.

    Essa alma popular ficou ainda mais evidente seis anos mais tarde, quando George Marzbach, um advogado belga radicado na capital egípcia, fundou o Qasr El Nil, posteriormente rebatizado como Zamalek, um clube que acabaria mais apoiado pela classe média, pelos militares e pelo então rei Farouk.

    Anos mais tarde, durante os protestos que derrubaram a ditadura do presidente Hosni Mubarak na chamada Primavera Árabe de 2011, a torcida e até mesmo jogadores do time, como o ídolo Mohamed Aboutrika, foram para as ruas contra o regime. A retaliação de forças leais ao ex-presidente veio no ano seguinte, em uma das maiores tragédias já ocorridas dentro de um estádio de futebol.

    Durante um jogo fora de casa contra o Al Masry, bandos de homens armados com facas invadiram o campo e causaram um grande tumulto, que acabou com 74 torcedores mortos e 188 feridos – todos do Al Ahly. “Eu nunca esquecerei do horror que vi naquele dia, com gente machucada, sendo atendida e morrendo no nosso vestiário”, contou a PLACAR o ex-meia Aboutrika, que hoje vive exilado no Catar.

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    Por conta da carnificina, o campeonato egípcio foi suspenso, e o Al Ahly teve de disputar todos os seus jogos em casa na Liga dos Campeões da África de 2012 com os portões fechados, sem torcida. Ainda assim, sagrou-se campeão contra o Espérance, da Tunísia. Foi uma das dez vezes que ergueu o troféu mais importante da África (tem 24 taças continentais, no total).

    Como bem demonstrou nesta semana, em Abu Dhabi – ao vencer o mexicano Monterrey mesmo com um time desfigurado e recheado de reservas -, enquanto houver luta, o Al Ahly está no páreo.

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