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Tricampeonato mundial da Argentina consagra para sempre o genial Messi

Aos 35 anos, o craque agora é instalado acima de Diego Armando Maradona, o mercurial 10 da geração anterior

Por Fábio Altman, de Doha
Atualizado em 4 jun 2024, 10h56 - Publicado em 23 dez 2022, 06h00
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  • Em suas redes sociais, a ágora onde tudo acontece, Lionel Messi apareceu dormindo com a taça dourada numa cama do hotel instalado dentro do Aeroporto de Ezeiza, no subúrbio portenho. Horas depois, na manhã de terça-feira 20 de dezembro, ele e a delegação campeã do mundo desfilariam por Buenos Aires, em dia de feriado oficial. Era a consagração do novo rei do futebol, o líder da seleção tricampeã do mundo no Catar. Aos 35 anos, Messi parece ter posto fim a um embate que rondava corações e mentes dos torcedores alvicelestes desde sempre: o genial 10, que trocou o Barcelona pelo PSG em 2021, chegaria aos pés de Diego Armando Maradona? A resposta: sim, ele chegou.

    Na Argentina, o tango dramático do cotidiano impusera uma contradição: um ou outro, tão diferentes na origem, na vida, na postura. Maradona era o menino pobre do chão de terra de um bairro simplório. Messi é o garoto de Rosário, que cedo se mudou para Barcelona. Ele sabia que para poder bater na porta do panteão precisaria não apenas chegar ao título mundial, mas avançar em toada à Maradona, ainda que fosse uma contradição em termos para uma personalidade tão retraída. Mas Messi deu um jeito. Na área de entrevistas para a imprensa depois da vitória por pênaltis contra a Holanda, nas quartas de final, disparou uma bronca contra o centroavante holandês Wout Weg­horst, que empatara a partida, levando-a para a prorrogação. A diatribe, um pouco deslocada, quase risível, virou meme (embora tenha sido apenas um mal-entendido, porque o europeu se aproximara apenas para lhe pedir a camisa): “¿Qué mirás, bobo? Andá p’allá!”. Maradona teria dito isso, mas de um modo mais mercurial, é bom ressaltar. A frase serviu de senha para o nascimento de um novo Messi, em fim de carreira, ainda que soasse estranha ao jeito alheio do craque. Era Messi saindo de seu casulo.

    No Catar ele marcou sete gols — um a menos que o francês Mbappé, autor de três tentos na mais espetacular final de Copa de toda a história, que mereceria nunca acabar. O 3 x 3 nos 120 minutos e a disputa de pênaltis foram uma ode à beleza do futebol e moldura perfeita para a coroação do genial e nada genioso canhoto.

    Publicado em VEJA de 28 de dezembro de 2022, edição nº 2821

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