Entenda como a guerra de tarifas de Trump pode afetar o setor de destilados dos EUA
Estudo inédito aponta que consumo de bebidas de alta gama caiu em 2024 e novas taxas de importação poderiam prejudicar produtores americanos

Um estudo feito pelo Conselho de Bebidas Destiladas (Discus, da sigla em inglês), entidade que monitora a produção, consumo e exportações de bebidas nos Estados Unidos, aponta que o consumo de destilados de alta gama, ou “super premium”, como é conhecida a categoria, está caindo. Em 2024, a categoria, que inclui conhaque, uísques single malt e outros destilados de qualidade, caiu 5,6% em relação ao ano anterior.
Outras faixas de qualidade também registraram queda, embora menos acentuada. O que o relatório da entidade aponta é uma redução no consumo de bebidas mais caras. Os compradores estão preferindo garrafas de bourbon, o uísque americano, e estão deixando de comprar outros destilados de alta gama.
Agora, com as novas tarifas impostas pelo governo do presidente eleito Donald Trump, a situação pode ficar ainda mais grave. “Desde a suspensão das tarifas da UE sobre o uísque americano, nossas exportações se recuperaram para níveis recordes”, afirmou Chris Swonger, CEO da Discus, em um comunicado divulgado à imprensa. “A reimposição dessas tarifas a uma taxa de 50% destruiria esse crescimento e causaria danos irreparáveis a destiladores grandes e pequenos.”
Produtores locais também estão criticando as medidas, dizendo que muitas destilarias investiram altas quantias para entrar em mercados internacionais e agora estão sendo prejudicadas por uma guerra tarifária que nada tem a ver com a produção de bebidas.
A pesquisa anual publicada pela Discus aponta ainda outras mudanças nos hábitos de consumo. As vendas de fornecedores de bebidas destiladas dos EUA caíram 1,1% em 2024 (o equivalente a 37,2 bilhões de dólares), mas os volumes aumentaram em uma quantia igual (312,2 milhões de caixas de nove litros). O setor de bebidas destiladas ganhou mais de 13 pontos do maior mercado de álcool desde 2000 (42,2% em 2024).
Embora o consumo de uísque tenha caído, a busca por tequila e mezcal, bebidas produzidas a partir do agave, e por coquetéis prontos para beber cresceu.