Padaria turca recria pão de 5 mil anos exposto em museu

Um pão enterrado há cinco mil anos em Küllüoba, sítio arqueológico localizado a 35 km de Eskişehir, no centro da Turquia, virou atração na cidade. Depois de ser resgatado pelo arqueólogo Murat Türkteki, o alimento foi levado para análise em um laboratório municipal. A ideia era descobrir um pouco mais dos hábitos alimentares daquela civilização, que se sabe tão pouco. A investigação trouxe de volta a receita. Ele foi fabricado com farinha grosseiramente moída de amido, uma variedade de trigo antigo, sementes de lentilha e a folha de uma planta, ainda não identificada, que serviu como fermento. Com a informação em mãos, a prefeitura resolveu reproduzir a receita, na padaria subsidiada, de baixo custo da cidade. Foram além, decidiram disponibilizar o sabor de 5 mil anos para o público em geral.

Para conseguir colocar a ideia em prática, tiveram de usar o trigo Kavilca — o amido usado no passado não existe mais na Turquia —, uma variedade próxima, também antiga, do bulgur (trigo para quibe) e das lentilhas. Os padeiros moldaram manualmente 300 pães de Küllüoba por dia, desde a semana passada. ”A combinação de farinha de trigo ancestral, lentilhas e bulgur resulta em um pão rico, saciante, com baixo teor de glúten e sem conservantes”, explicou Serap Güler, diretora do Halk Ekmek de Eskişehir, para a Agência France-Presse. Eles foram moldados com as mesmas características, que eram comercializados no passado: em forma de tortas de 300 gramas. E vendidos ao preço de 1,2 euros, a unidade. A primeira fornada, com 300 pães, esgotou em poucas horas.

O pão original está exposto no Museu Arqueológico de Eskişehir, desde a última quarta-feira. É muito raro uma escavação se deparar com um alimento assim inteiro. No máximo, encontram migalhas, o que levou a equipe de Türkteki a ficar muito emocionada.

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