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Duas visões de arquitetura se confrontam em Roma

Lourenço Gimenes, do escritório FGMF, foi convidado para lecionar na Università Tre e traz sua experiência internacional para alunos italianos

Por Cinthia Rodrigues, de Roma
Atualizado em 21 mar 2025, 15h07 - Publicado em 21 mar 2025, 08h00

Não é tarefa simples furar a bolha cultural e ensinar arquitetura em uma universidade italiana, onde séculos de história e tradição se confrontam com visões contemporâneas e globais. É nesse desafio que o arquiteto brasileiro Lourenço Gimenes, sócio do escritório FGMF, se embrenha ao lecionar como professor convidado na Università Roma Tre, na disciplina Learning From Abroad (Aprendendo com o Estrangeiro).

Com um pé no Brasil, onde a arquitetura é marcada pela abundância de terra e transformação constante, e outro na Itália, onde a preservação do patrimônio histórico é prioridade, Gimenes propõe um diálogo rico entre duas realidades opostas, mas complementares, destacando a importância da arquitetura como bem comum e sua missão pública.

“No Brasil, produzimos mais, temos muita gente, terra em abundância, estamos nos transformando”, diz Gimenes, minutos antes de iniciar, em italiano fluente, uma palestra especial onde apresentou o seu trabalho. “Aqui, o desafio é preservar o patrimônio, são séculos de história” Na grade curricular regular, ele ensina sobre crise climática, elevação do nível do mar e impacto desse tema em edificações, trazendo um ponto de vista humano. 

Onde tudo começou

O FGMF foi fundado em 1999 por ex-colegas da Faculdade de Arquitetura da USP (FAU-USP) — os outros sócios são Fernando Forte e Rodrigo Marcondes Ferraz. Não existe apenas uma característica de estilo que define o estilo do time – cada ideia é diferente da outra. Existem projetos residenciais e corporativos premiados com estruturas em caixas, concreto aparente e diálogo com a natureza do entorno. Além de atuar no Brasil, o escritório está presente na Europa, Ásia e América Latina, incluindo um retrofit histórico em Portugal e trabalhos na Grécia e Vietnã.

Ao final da palestra, o colega e professor da Universidade Luigi Franciosini, uma referência no diálogo entre história e ambiente contemporâneo, comentou sobre o que viu. “Não podemos pensar que a arquitetura deve se prestar apenas a residências para ricos. Existe uma missão pública”, diz Gigi, nascido em Orvieto, na Umbria. Roma é, em essência, uma cidade de espaços abertos, que convidam à convivência e, mesmo com muitas ruínas, percebe-se que o interesse coletivo se sobrepõe, muitas vezes, ao privado.

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Luigi Franciosini e Lourenço Gimenes debatem como arquitetura pública e privada
Luigi Franciosini e Lourenço Gimenes debatem arquitetura pública e privada (Cinthia Rodrigues/VEJA)

O endereço da aula já mostra que a prioridade é preservar para o fim público. O Mattatoio, que fica no bairro Testaccio, em Roma, foi erguido no século XIX como um centro de abate que marcou o desenvolvimento industrial da cidade. Desativado em 1975, o complexo foi abandonado e hoje está sendo revitalizado. Seus antigos silos e estruturas industriais abrigam salas de aula da universidade, com letreiros, tijolos e ferros originais. Também existem no espaço dois espaços culturais.   

Em alguns meses morando na cidade, Gimenes percebeu que a realidade brasileira é muito distante para um italiano, mas não acredita que o privado elimina o público em uma escala de projetos. “A academia privilegia tudo o que pode ser um bem comum, mas isso não é uma batalha, um não depende do fracasso do outro, podem coexistir”, diz o arquiteto, que fica em Roma até junho.

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