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O que comiam os habitantes de Belém na época em que Jesus nasceu?

Dieta era baseada em pães, azeite, laticínios e vinho, eventualmente complementada com carnes e peixes, e sempre respeitando as leis alimentares judaica

Por José Miguel Soriano del Castillo*, para The Conversation
Atualizado em 2 jan 2025, 15h41 - Publicado em 24 dez 2024, 14h30

O nascimento de Jesus é narrado principalmente nos Evangelhos de Mateus e Lucas do Novo Testamento, cada um com um enfoque diferente. Ele também aparece em textos apócrifos, como o Protoevangelho de Tiago e o Evangelho do Pseudo-Mateus, e no Alcorão, que menciona o milagre do nascimento de Jesus (Isa) como filho da Virgem Maria (Maryam), reconhecido como profeta.

Mas nenhum desses textos menciona o que Maria e José comeram naquela noite, ou o que a população local colocou em seus pratos. Estudos arqueológicos e tradições mediterrâneas podem nos permitir descobrir.

Belém era um pequeno povoado da Judeia a cerca de nove quilômetros de Jerusalém, cuja vida girava em torno da agricultura, da criação de animais e das tradições religiosas judaicas. Ficava em uma região montanhosa com clima mediterrâneo, um ambiente natural que determinava tanto as atividades econômicas quanto as práticas culinárias de seus habitantes, que dependiam dos recursos locais para sua subsistência.

Sua dieta, portanto, refletia as práticas comuns da região mediterrânea sob o domínio romano, mas também era profundamente influenciada pelas leis alimentares judaicas (kashrut). Essas regulamentações determinavam quais alimentos poderiam ser consumidos e como deveriam ser preparados, consolidando uma dieta simples, mas nutritiva.

A dieta mediterrânea de 2 mil anos atrás

No século I, a agricultura era a espinha dorsal da economia e da subsistência no vilarejo de Belém. A terra onde ela estava localizada oferecia condições ideais para o cultivo de cereais, azeitonas e vinhedos. Esses produtos eram essenciais não apenas para a dieta diária, mas também para o comércio e os rituais religiosos.

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Os cereais, como o trigo e a cevada, eram as culturas mais comuns e eram usados principalmente para fazer pão, o alimento básico da população. O pão de cevada, que era mais barato e acessível, era consumido pelas famílias pobres, enquanto o pão de trigo, mais caro, era reservado para ocasiões especiais ou para os habitantes mais abastados.

Outro pilar da agricultura de Belém era o azeite de oliva, que era obtido pela prensagem manual do fruto da oliveira. Era um produto indispensável na cozinha, não apenas como gordura para cozinhar, mas também como tempero e conservante. Também tinha uso significativo em cerimônias religiosas e na iluminação de casas.

Os vinhedos também ocupavam um lugar de destaque na economia local. As uvas eram consumidas frescas ou usadas para fazer vinho, que era uma bebida cotidiana, mesmo para os mais pobres, e também desempenhava um papel importante em celebrações e rituais.

Todas essas colheitas não apenas garantiam a subsistência, mas também permitiam que as famílias contribuíssem com tributos para as autoridades romanas e cumprissem as regras religiosas.

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Ovelhas e cabras, animais essenciais

A criação de animais complementava a agricultura como uma atividade crucial para os habitantes de Belém. A criação de ovelhas e cabras era especialmente importante, pois esses animais forneciam carne, leite e lã, atendendo às necessidades de alimentação e vestuário. Eles provinham do gado local ou do comércio inter-regional significativo, como o que ocorria no deserto da Judeia ou no Mar da Galileia.

Em um ambiente em que a carne era um luxo reservado para festividades religiosas ou eventos importantes, os produtos lácteos, como queijo e iogurte, faziam parte do cardápio diário dos habitantes de Belém. Esses alimentos eram ricos em nutrientes, fáceis de conservar e frequentemente comercializados ou vendidos em mercados próximos.

Além disso, cabras e ovelhas eram essenciais para os rituais de acordo com a lei religiosa judaica. Durante festivais como a Páscoa, os cordeiros eram abatidos e consumidos em família ou em comunidade, fortalecendo os laços sociais e religiosos. Por fim, o esterco desses animais era usado como fertilizante natural em campos agrícolas, fechando um ciclo sustentável entre a agricultura e a pecuária.

Em menor escala, as aves domésticas, como pombos e galinhas, eram criadas para consumo de carne e ovos, embora sua produção fosse limitada em comparação com os rebanhos.

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Peixes salgados

Embora a pesca não fosse uma atividade local em Belém devido à sua localização geográfica no interior da Judeia, os peixes – especialmente arenque, sardinha ou cavala – eram trazidos salgados de regiões costeiras como o Mar Mediterrâneo ou o Mar da Galileia. Essa preservação em sal facilitava o transporte e o armazenamento, permitindo que os peixes fossem consumidos mesmo em áreas distantes dos centros de pesca.

Apreciado por seu sabor e valor nutricional, os peixes eram, no entanto, uma adição ocasional à dieta dos habitantes. Eles ofereciam uma opção acessível para aqueles que podiam pagar, mas não eram um alimento básico como os produtos agrícolas e os laticínios.

A dieta de Belém era, portanto, baseada em um sistema de subsistência simples e autossuficiente de uma comunidade profundamente ligada ao seu ambiente e à tradição religiosa.

*José Miguel Soriano del Castillo, Catedrático de Nutrición y Bromatología del Departamento de Medicina Preventiva y Salud Pública, Universitat de València

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