O Departamento de Defesa dos Estados Unidos anunciou na última sexta-feira, 27, o desenvolvimento da chamada “bomba gravitacional B61-13”, com poder de destruição 24 vezes maior do que a utilizada em Hiroshima, cidade japonesa atacada pela Força Aérea americana no final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O armamento, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso dos EUA, é uma atualização da versão anterior, a B61-12, construída há dois anos.
“O anúncio de hoje reflete um ambiente de segurança em mudança e ameaças crescentes de adversários potenciais”, afirmou o secretário adjunto de Defesa para Política Espacial, John Plumb. “Os Estados Unidos têm a responsabilidade de continuar a avaliar e colocar em prática as capacidades que precisamos para dissuadir de forma credível e, se necessário, responder a ataques estratégicos, e assegurar os nossos aliados”.
O nome do dispositivo faz referência ao ano em que o primeiro modelo foi lançado, em 1961, e o número da sua versão – nesse caso, é a 13ª atualização. O B, por sua vez, significa que se trata de uma bomba gravitacional, lançada por uma aeronave em direção ao alvo. Com a modernização, espera-se que a bomba B83-1, a mais poderosa do arsenal americano e herança da Guerra Fria (1947-1991), seja retirada de linha.
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“O B61-13 seria lançada por aeronaves modernas, fortalecendo a dissuasão dos adversários e a segurança dos aliados e parceiros, proporcionando ao Presidente opções adicionais contra certos alvos militares mais difíceis e de grande área”, diz o comunicado do Pentágono. “Substituiria alguns dos B61-7 do atual arsenal nuclear e teria um rendimento semelhante ao do B61-7, que é superior ao do B61-12.”
A capacidade máxima do recém-divulgado armamento chega a 360 quilotons – medida que representa o equivalente de TNT. Ela está, então, lado a lado com uma das relíquias americanas: a B61-7 (340 quilotons). A diferença se delineia no grau de modernização, parâmetro esse em que a B61-13 sai na frente. A bomba utilizada em Hiroshima, há quase 80 anos, detinha cerca de 15 quilotons, contra os 25 arremessados em direção a Nagasaki apenas três dias depois.
“O B61-13 aproveitaria as capacidades de produção atuais e estabelecidas que suportam o B61-12 e incluiria os recursos modernos de segurança, proteção e precisão do B61-12”, indica o texto. “Embora nos proporcione flexibilidade adicional, a produção do B61-13 não aumentará o número total de armas no nosso arsenal nuclear.”
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Segundo nota do Departamento de Defesa, o B61-13 irá aproveitar a estrutura de produção desenvolvida para o B61-12, compartilhando com esse explosivo de características semelhantes de “segurança, proteção e precisão”. Acredita-se que a empreitada custe 10 bilhões de dólares para ser concluída, orçamento que faz parte do pacote de 1,7 trilhões de dólares para incrementar o arsenal nuclear do país.
O anúncio ocorre poucos dias após a divulgação de um levantamento do Pentágono sobre o potencial de dominação da China no setor nuclear. Segundo o órgão, a acelerada na produção dessa forma de armamento culminará em um arsenal chinês duas vezes maior do que o atual. As estimativas apontam que, em maio deste ano, Pequim apresentava “mais de 500 ogivas nucleares operacionais”, um montante superior às crenças dos EUA.
“A entrada em campo do B61-13 não é uma resposta a nenhum evento atual específico; reflete uma avaliação contínua de um ambiente de segurança em mudança”, acrescenta a nota.
As bombas de gravidade, diferente das estratégicas, não estão submetidas a qualquer forma de regulação internacional. O Departamento de Defesa calcula que os chineses terão um poderia nuclear equiparável a Moscou e Washington até 2035, aumentando a dor de cabeça para as autoridades americanas. Até o momento, os Estados Unidos contam com 3.700 ogivas nucleares, entre as quais 1.419 estão instaladas.