No domingo 16, a Argentina se viu na escuridão. E isso não é uma metáfora para o momento de desesperança da população diante da economia que patina, mas resultado de um apagão mesmo — o maior já registrado no país. À exceção de um canto aqui, outro ali, quase todo o território argentino ficou sem energia elétrica desde as 7 da manhã, situação que perdurou em certas cidades por dois dias. Sob chuva, sem trens nem metrô, os semáforos inoperantes e os postos de gasolina fechados, a capital Buenos Aires ficou às moscas — ou, como definiu uma moradora, virou “terra de zumbis”. Os poucos que se aventuraram a sair de casa o fizeram de carro, e a luz dos faróis iluminou o famoso obelisco. As causas estão sendo investigadas, mas, via Twitter, o presidente Mauricio Macri adiantou que o blecaute teria relação com uma pane no sistema de alta-tensão das represas Yacyretá e Salto Grande, ao norte de Buenos Aires. Ambas abastecem, além da Argentina, o vizinho Uruguai, que também passou horas completamente sem energia. O problema respingou até no Paraguai. No total, cerca de 48 milhões de pessoas foram atingidas — assim como a imagem, já desgastada, do próprio Macri. Na campanha de 2015, ele criticou a então presidente Cristina Kirchner (hoje vice na chapa que rivaliza com a sua) por não investir na maltratada rede elétrica nacional, o que acabaria justamente levando a apagões. Com as eleições presidenciais de outubro avizinhando-se, Macri terá de enfrentar mais esse contratempo em busca de luz no fim do túnel que o separa de uma segunda temporada na Casa Rosada.
Publicado em VEJA de 26 de junho de 2019, edição nº 2640
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