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A atitude do Pentágono, FBI e outras agências dos EUA contra ultimato de Musk

Até diretores indicados por Trump vão contra o bilionário, testando os limites de seu poder e gerando uma crise interna no governo

Por Amanda Péchy 24 fev 2025, 11h09

Vários líderes de agências federais dos Estados Unidos, incluindo o Pentágono e o FBI, agora dirigidas por leais colaboradores de Donald Trump, orientaram seus funcionários a ignorarem um ultimato do bilionário Elon Musk para explicarem as tarefas realizadas em seu trabalho sob pena de perderem o emprego. Principal consiglieri do presidente americano, encarregado de enxugar a máquina pública com o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), ele reiterou a demanda neste final de semana.

O impasse é um dos primeiros testes significativos dos limites do poder de Musk, que ainda parece altamente descontrolado.

O ultimato

No final de semana, o bilionário orientou o Escritório de Gestão de Funcionários dos Estados Unidos a enviar um e-mail com a demanda ao FBI, que coordena as agências de inteligência dos Estados Unidos, aos Departamentos de Defesa, Estado, Energia, Saúde e Serviços Humanos e Segurança Interna, e até mesmo a juízes federais em exercício — que, por óbvio, estão no poder judiciário, não no executivo.

As agências e departamentos federais ignoraram Musk, enquanto o escritório administrativo dos tribunais federais informou juízes e funcionários que “sugerimos que nenhuma ação seja tomada”.

Funcionários federais, porém, estão cientes de que o cortador-mor das despesas do governo tem influência sobre o presidente, e temem que ele use o X (ex-Twitter) do qual é dono, para expor pessoas que fiquem em seu caminho, informou o jornal americano The New York Times, com base em entrevistas com altos funcionários da administração.

Em aparente resposta a uma reportagem da emissora americana CNN, informando que um funcionário do Pentágono havia chamado a diretiva de “a coisa mais idiota que já vi em 40 anos”, Musk publicou no X que “qualquer pessoa com essa atitude (…) precisa procurar um novo emprego”.

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Silêncio de Trump

Quem fechou a boca sobre a controvérsia foi o presidente dos Estados Unidos. No sábado, depois de postar nas redes sociais que gostaria que Musk fosse mais “agressivo” e, em seguida, se gabar do expurgo de funcionários federais em um discurso horas depois, Trump ficou em silêncio sobre o assunto durante boa parte do domingo.

Naquela tarde, porém, ele postou um meme, que ele disse ter vindo de Musk, zombando dos funcionários federais que tinham que explicar seus deveres e realizações. Mas não opinou diretamente sobre o conflito interno do governo.

Crise interna

Parte da resistência contra o líder do DOGE — vinda em grande parte do aparato de segurança nacional e agências de aplicação da lei — tornou-se pública e explícita nos últimos dias.

“O Departamento de Defesa é responsável por revisar o desempenho de seu pessoal e conduzirá qualquer revisão de acordo com seus próprios procedimentos”, disse Darin S. Selnick, o chefe interino do escritório de funcionários do Pentágono, instruindo os membros da agência de “pausar qualquer resposta” por ora.

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Tulsi Gabbard, diretora do escritório de inteligência nacional, ordenou que todos os oficiais da comunidade de inteligência não respondessem ao ultimato de Musk.

“Dada a natureza inerentemente sensível e secreta do nosso trabalho, os funcionários da I.C. (Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos) não devem responder ao e-mail do OPM (Escritório de Gestão de Pessoal)“, escreveu Gabbard em comunicado interno visto pelo NYT.

Kash Patel, encarregado por Trump da diretoria do FBI, escreveu em um e-mail para os funcionários que a agência, “por meio do escritório do diretor, é responsável por todos os nossos processos de revisão” e orientou-os a “pausar quaisquer respostas”. Funcionários seniores dos Departamentos de Estado e Segurança Interna também instruíram seus funcionários a não responderem ao e-mail.

Outros departamentos deram orientações conflitantes. A pasta de Saúde e Serviços Humanos disse a seus funcionários na manhã de domingo para seguir a diretriz. Uma hora depois, um e-mail do diretor interino dos Institutos Nacionais de Saúde, uma agência subordinada, disse o oposto. Horas depois, o Departamento de Saúde orientou todos os funcionários a “pausarem” as respostas ao ultimato.

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Legalidade em questão

Os sindicatos que representam os trabalhadores federais sugeriram que a ordem de Musk não era válida e aconselharam seus membros a seguirem as orientações de seus supervisores. Em uma carta mordaz no domingo, Everett Kelley, presidente da Federação Americana de Funcionários do Governo — o maior sindicato de trabalhadores federais — disse ao diretor do Escritório de Gestão de Funcionários dos Estados Unidos que o e-mail era “claramente ilegal” e “impensado”.

“Ao permitir que o desequilibrado Elon Musk, que não foi eleito, ditasse as ações do Escritório de Gestão de Funcionários, vocês demonstraram uma falta de consideração pela integridade dos funcionários federais e seu trabalho vital”, declarou Kelley, exigindo que a ordem fosse retirada.

Não está claro qual é a base legal para justificar demissões em massa. Mas Musk — que opera no governo de maneira semelhante à que adotou ao comprar o Twitter, agora conhecido como X — insistiu na manhã de domingo que a ordem equivalia a “uma verificação de pulso muito básica” do governo, disparando alegações infundadas de fraude salarial, dizendo que pessoas “inexistentes” ou mortas estão empregadas e que criminosos usam funcionários falsos para coletar contracheques do governo.

As fala são um repeteco das acusações que fez a respeito da Previdência Social, afirmando que dezenas de milhões de pessoas mortas podem estar recebendo pagamentos fraudulentos. Um relatório recente do inspetor-geral da Administração da Segurança Social — um órgão de fiscalização que investiga o programa em busca de desperdício, fraude e abuso — descobriu que “quase nenhuma” das pessoas no banco de dados da agência que provavelmente morreram estava recebendo pagamentos.

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