A menos de um dia das eleições, quase 80 milhões de pessoas já votaram nos EUA
Voto antecipado deve representar metade do total, dizem especialistas
Para brasileiros, que há anos se acostumaram a votar em poucos segundos na urna eletrônica e a conhecer os resultados poucas horas depois do encerramento da votação, as eleições americanas soam um tanto anacrônicas. Além da não obrigatoriedade do voto e das diferenças regionais de cada estado na organização do pleito, dois aspectos que no Brasil seriam vistos com muita desconfiança, os Estados Unidos oferecem a possibilidade de voto antecipado pelo correio.
Mais de 78 milhões de eleitores de 47 estados e do Distrito de Columbia, que permitem essa modalidade, já votaram nesses eleições, segundo a Edison Research e Catalist, empresa que acompanhou o processo de perto.
O número é significativamente menor do que o registrado em 2020, quando 110 milhões de pessoas manifestaram suas escolhas antes da votação oficial. A expectativa é que a eleição antecipada corresponda à metade do total de votos computados nessas eleições. “Trabalho amanhã. É muito mais fácil”, diz o enfermeiro Michael Stevens, 32 anos.
Se, por um lado, o método permite mais comodidade para a população, já que não se decreta feriado na terça-feira de votação, de outro, ele dificulta a apuração. A contagem dos votos em papel não é um processo totalmente manual, mas é bem mais lento do que em um sistema 100% eletrônico.
Em uma disputa tão acirrada, isso pode levar a um atraso na divulgação dos resultados. Em 2020, quando Joe Biden foi eleito, o resultado oficial demorou quatro dias para ser anunciado, já que a diferença para Donald Trump, o segundo colocado, foi de apenas 1,5%.
Há quatro anos, cerca de 110 milhões de americanos anteciparam o voto e os analistas ainda se perguntam se a diminuição deste ano está ligada a um engajamento menor do eleitor, ou se os americanos apenas querem conhecer os resultados mais cedo.
Tradicionalmente, os democratas optam mais pelo voto pelo correio. No pleito de 2020, Trump fez campanha para os que os republicanos não optassem por essa modalidade. O discurso era parte da estratégia de desacreditar a lisura da votação.
Esse ano, Trump mudou parcialmente a abordagem, após ser alertado por Elon Musk dos riscos eleitorais da pregação contra o voto antecipado. Não pede mais que as pessoas votem apenas presencialmente, mas segue decretando a vitória, antes mesmo das urnas serem oficialmente abertas.