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A nova estratégia de Trump na pandemia: fritar o conselheiro de saúde

Casa Branca adota fogo amigo e dispara contra Anthony Fauci, o maior especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos, que trabalha para o governo

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 13 jul 2020, 13h45 - Publicado em 13 jul 2020, 13h07

Em meio à pandemia que espalha o coronavírus entre os americanos na mesma proporção que desgasta a sua popularidade, Donald Trump decidiu direcionar seus ataques ao próprio governo. O alvo é o maior especialista em doenças infecciosas dos Estados Unidos, Anthony Fauci, diretor geral do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e conselheiro do governo para combater a pandemia.

Enquanto os casos de Covid-19 disparavam em 39 estados americanos, auxiliares da Casa Branca tiraram o fim de semana para espalhar informações anônimas, a diversos meios de comunicação, questionando declarações de Fauci no início da pandemia. Segundo o jornal americano The New York Times, as fontes apresentaram um dossiê detalhando imprecisões nas falas do médico à imprensa.

Um funcionário do governo declarou ao Washington Post que vários outros integrantes da equipe estavam preocupados com a frequência com que o doutor Fauci estava errado. Como exemplo, citou uma entrevista do médico, em 29 de fevereiro, à rede de TV NBC News. Na ocasião Fauci disse que “neste momento, não há necessidade de mudar nada do que você está fazendo diariamente”. Mas a Casa Branca omitiu um aviso que ele deu em seguida: “O risco ainda é baixo, mas isso pode mudar. Quando você começa a ver um contágio comunitário, isso pode forçá-lo a ficar muito mais atento a fazer coisas que o protejam da propagação.”

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A decisão de Trump em tratar Fauci como rival político ocorre à medida em que ele fortalece sua imagem junto ao público, expondo a fraqueza do presidente Donald Trump em controlar a doença. Em uma entrevista ao site FiveThirtyEight.com, na semana passada, Fauci disse que “quando comparado a outros países, não acho que podemos afirmar que estamos fazendo um bom trabalho. Nós simplesmente não estamos”. Uma pesquisa do Siena College realizada no mês passado revelou que 67% dos americanos confiavam em Fauci e apenas 26% no presidente.

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Em resposta, Trump, fez o que faz de melhor: polemizou com o próprio colaborador. À Fox News declarou que o médico estava errado sobre muitos aspectos da pandemia. “É um homem legal, mas cometeu muitos erros”, afirmou o presidente. Outro ponto de discordância entre os dois é a eficácia da hidroxocloroquina no tratamento da Covid-19. Trump, um entusiasta do remédio, não gostou de ver seu assessor dando declarações contrárias ao medicamento. 

Antony Fauci é um dos maiores epidemiologistas do mundo, tendo dedicado boa parte de sua atuação no combate à AIDS. Por seu trabalho, ele recebeu mais de oito prêmios e condecorações, um deles da própria Casa Branca, em 2008.

Aumento de casos

Enquanto Trump bate boca com o médico, o vírus segue se espalhando pelos Estados Unidos. Durante o fim de semana, 39 estados registraram aumento de casos. A Flórida chegou a 15.000 novos casos em apenas 24 horas.

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Alguns dos maiores centros urbanos do país – Atlanta, Dallas, Los Angeles, Miami e Phoenix – tiveram um crescimento fora de controle, com poucos sinais concretos de progresso. Em algumas dessas cidades, os hospitais já dão sinais de superlotação para tratar os casos de Covid-19. 

Segundo levantamento independente em tempo real da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos são o país mais afetado pelo coronavírus, com 3,3 milhões de casos e 135 mil mortes.

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