A operação ilegal para resgatar trabalhadores presos em túnel no Himalaia
Profissionais de atividade ilegal desde a década de 1970 foram essenciais para finalizar o trabalho das máquinas que quebraram no meio do resgate
O governo da Índia teve que recorrer a uma profissão efetivamente proibida no país depois que máquinas pesadas quebraram ao tentar romper os escombros que prendiam 41 trabalhadores em um túnel no Himalaia. Os “mineiros de buracos de ratos” começaram a trabalhar na noite da última segunda-feira, 27, depois que uma segunda máquina de perfuração quebrou, faltando 15 dos 60 metros para alcançar os homens presos durante o fim de semana.
Embora as máquinas tenham conseguido perfurar horizontalmente quase três quartos dos destroços, elas pararam de funcionar nos espaços apertados para alcançar os trabalhadores presos. Quando os novos profissionais foram chamados, eles trabalharam em duas equipes de três cada, com uma pessoa perfurando, a segunda coletando os detritos e a terceira jogando eles para fora do cano.
As equipes de resgate retiraram com sucesso os trabalhadores em macas com rodas através de um tubo largo que foi empurrado através dos escombros após um esforço de 17 dias.
“Foi uma tarefa difícil, mas para nós nada é difícil”, disse Firoz Qureshi, um dos mineiros, parado com seus colegas do lado de fora do túnel.
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Por que a mineração “buraco de rato” é proibida na Índia?
A mineração “buraco de rato”, nome dado em referência aos formatos dos buracos usados, é um método perigoso e controverso usado extensivamente no estado de Meghalaya, no nordeste da Índia, para extrair finas camadas de carvão.
Os poços têm dimensões suficientes para que os trabalhadores, muitas vezes crianças, possam descer usando cordas ou escadas para extrair carvão. Grande parte das vezes essas pessoas exercem a atividade sem medidas de segurança e ventilação adequada.
Pelo menos 15 mineiros foram mortos em uma dessas minas “buraco de rato” em Meghalaya depois de ficarem presos por mais de um mês em janeiro de 2019. Grupos ligados aos direitos humanos dizem que entre 10 mil e 15 mil pessoas morreram nessas minas entre 2007 e 2014.
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A prática se tornou ilegal na década de 1970, quando a Índia nacionalizou as minas de carvão e deu um monopólio à estatal Coal India. Ainda assim, muitos pequenos proprietários de minas continuaram a empregar pessoas baixas ou crianças para extrair carvão ilegalmente e o governo federal não interferiu, dada a localização remota do estado e a baixa qualidade do seu carvão.
Os mineiros envolvidos na operação de resgate disseram que não estavam envolvidos na mineração de carvão e receberam treinamento em Nova Delhi.