A reação de Trump à vitória de Mamdani em NY, que se disse ‘seu pior pesadelo’
Recém-eleito, o democrata tornou-se o primeiro prefeito muçulmano da maior cidade dos EUA e prometeu enfrentar o presidente e sua 'política divisionista'
Zohran Mamdani, do Partido Democrata confirmou o favoritismo e foi eleito prefeito de Nova York após a votação de terça-feira 4. Aos 34 anos, ele será o primeiro muçulmano a comandar a maior cidade dos Estados Unidos e o mais jovem desde o século XIX. Em seu discurso de vitória, o socialista, como ele mesmo se define, fez do presidente Donald Trump saco de pancadas, provocação que o líder republicano respondeu de forma ominosa nas redes sociais, como quem antecipa um mau presságio.
Em publicação em sua plataforma, a Truth Social, na madrugada desta quarta-feira, 5, Trump escreveu a mensagem: “… Então agora começou!” — indicando que pode fazer cumprir as ameaças que fez ao longo da disputa eleitoral em Nova York, como suspender “ao mínimo” o financiamento da cidade com repasses do governo federal e enviar para lá a Guarda Nacional, como fez em outras partes do país comandadas por democratas.
Na véspera da eleição, Trump declarou apoio a Andrew Cuomo, ex-governador do estado de Nova York que concorreu contra Mamdani como independente após perder para o jovem candidato as primárias do Partido Democrata no início do ano. O presidente afirmou que um “democrata ruim” era uma alternativa melhor que um “comunista”, rótulo que o recém-eleito prefeito rejeita, e alertou sues apoiadores que votar no republicano Curtis Sliwa (ele estava em terceiro lugar na disputa) seria equivalente a dar a vitória ao congressista socialista.
Mamdani não dá sinais de arrefecimento e vem indicando que está disposto a enfrentar o presidente. Ele citou Trump em seu discurso de vitória, afirmando que assumiria a prefeitura de Nova York com um plano firme para combater a política divisionista e nepotismo que o ajudou a chegar à Casa Branca.
Em discurso a uma multidão de apoiadores no Brooklyn, ele, que já se definiu como “o pior pesadelo de Trump” disse que Nova York havia demonstrado ser a “luz” em um “momento de escuridão política”.
“Aqui, acreditamos em defender aqueles que amamos, sejam imigrantes, membros da comunidade trans, uma das muitas mulheres negras que Donald Trump demitiu de cargos federais, uma mãe solteira ainda esperando a redução do preço dos alimentos ou qualquer outra pessoa em situação de vulnerabilidade”, declarou. “Nova York não será mais uma cidade onde se pode propagar islamofobia e vencer uma eleição.”
O pleito e o futuro
Mamdani predominou na disputa, como era esperado, conquistando 50,4% dos votos com 91% das urnas apuradas. Cuomo ficou com 41,6% e Sliwa, com 7,1%. A eleição atraiu mais de 2 milhões de pessoas às urnas, marcando a maior participação em um pleito para prefeito de Nova York desde 1969.
Em outra publicação na Truth Social, o ocupante da Casa Branca ofereceu sua análise sobre o porquê do sucesso do democrata — tirando, claro, qualquer mérito de Mamdani. Segundo ele, foram dois os motivos pelos quais os republicanos perderam a eleição: 1) “a ausência de Trump nas cédulas” (como sempre, referindo-se na terceira pessoa), e 2) o shutdown, paralisação de partes do governo federal devido a um impasse no Congresso para aprovar o orçamento de diversas agências, que não recebem financiamento há mais de um mês.
Não está claro se Mamdani vai conseguir sustentar a rivalidade com Trump, que ameaçou tomar Nova York e até prendê-lo e deportá-lo (o democrata nasceu em Uganda, onde passou a infância, mas foi criado na cidade e tornou-se cidadão americano em 2018).
Em entrevista à emissora americana CBS no domingo, o presidente afirmou que estrangularia o financiamento federal a Nova York caso o autodenominado socialista vencesse, uma vez que os repasses seriam “desperdiçados” pela gestão de Mamdani.
“Será difícil para mim, como presidente, dar muito dinheiro para Nova York. Porque se você tem um comunista governando Nova York, tudo o que você está fazendo é desperdiçar o dinheiro que está enviando para lá”, ele disse. A cidade recebeu US$ 7,4 bilhões (quase R$ 40 bilhões) em repasses do governo federal neste ano fiscal.







