Sorriso aberto, a rainha Elizabeth dá as boas-vindas ao novo bisneto, sob o olhar da avó negra dele, Doria Ragland. Teria Meghan, a duquesa mais adjetivada e substantivada da Grã-Bretanha (mestiça, americana, ex-atriz, divorciada), cumprido seu destino de injetar sangue novo e moderno na monarquia e alçá-la a novos píncaros de popularidade? Nada disso. Meghan — e, por tabela, Harry — passou o ano sendo impiedosamente desancada pelos tabloides: é a “duquesa difícil” que briga com subalternos, que desuniu os irmãos príncipes, que fez a cunhada Kate chorar, que não apresentou o pequeno Archie aos fotógrafos na porta do hospital, que nem sequer divulgou o nome dos padrinhos… e por aí vai.
Em outubro, no apogeu da boataria, Harry rompeu a tradição e contra-atacou, anunciando que o casal decidira processar três tabloides por motivos diversos. Pouco depois, os Sussex deram uma entrevista repleta de considerações sofridas sobre os rigores da vida pública, algumas expressadas com a voz embargada — espalhando na imprensa do contra fumaças de depressão e outros distúrbios mentais. Para culminar, no Natal Harry e Meghan esnobaram a reunião familiar que a rainha promove em uma de suas propriedades, tiraram seis semanas de folga e foram passear com Archie nos Estados Unidos. Lá, Meghan anda empenhada em arrebanhar doadores em Hollywood e fazer deslanchar a Fundação Sussex, dissidência — olhem só a má influência — da Fundação Real que os irmãos criaram.
A sorte dos Sussex é terem um tio que, no fim de 2019, conseguiu ser mais execrado do que eles, e por motivos muito mais sérios. Andrew, o terceiro filho da rainha, cada vez se enrola mais em denúncias de que desfrutava a amizade e as companhias proporcionadas pelo milionário americano Jeffrey Epstein, notório sedutor de adolescentes que se matou na cadeia. Quem previa píncaros de popularidade para a Casa de Windsor em 2019 errou feio.
Publicado em VEJA de 1º de janeiro de 2020, edição nº 2667