‘Acabou o nós e eles’, diz Fernández ao votar em Buenos Aires
No dia da eleição, Mauricio Macri afirma que, na segunda, trabalhará 'pelo futuro' dos argentinos independente dos resultados da urna
Os argentinos vão às urnas neste domingo, 27, para escolher seu novo presidente. O candidato da aliança entre peronistas e kirchneristas, Alberto Fernández, votou em um colégio eleitoral no bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires, e pediu calma aos eleitores sobre o futuro do país: “Vamos trabalhar juntos, acabou o nós e eles”, disse.
“É um dia de alegria. Toda vez que votamos, reafirmamos nossa vocação democrática”, disse à imprensa na Universidade Católica Argentina.
Questionado sobre a situação econômica do país e sobre as possíveis reações do mercado à sua vitória, reconheceu que o país vive uma “enorme crise” que exige responsabilidade. “Peço que fiquem calmos. O futuro virá com muito esforço, mas com todos trabalhando juntos e felizes”, respondeu. “Vamos trabalhar juntos, acabou o nós e eles”.
Antes de votar, Fernández ainda saiu para passear com seu cachorro de estimação, Dylan, em um parque próximo a sua casa. Propagandas políticas e declarações partidárias são proibidas no dia da eleição, mas muitos interpretaram a atitude do peronista como uma forma de chamar atenção para sua figura sem desrespeitar as normas.
Já o presidente Mauricio Macri votou em um colégio eleitoral no bairro da Recoleta, também na capital argentina, por volta do meio-dia, e afirmou que esta é uma “eleição histórica” na qual se enfrentam “duas visões de futuro” diferentes.
“Acho que haverá mais participação do que nunca, pelo menos em várias décadas”, disse, segundo o jornal Clarín. “Amanhã vou trabalhar cedo na [Casa] Rosada para o futuro dos argentinos, independente do cenário”, acrescentou.
Macri votou em uma escola na região do Parque Las Heras, no bairro da Recoleta, onde foi recebido com muitos aplausos e cantos de “Sim, é possível”, o lema de sua campanha.
A candidata à vice-presidente pela chapa de Fernández e ex-presidente Cristina Kirchner votou em Río Gallegos, na província argentina de Santa Cruz. A senadora foi aplaudida por pessoas que a aguardavam e por moradores da vizinhança, mas não falou com a imprensa.
Se as pesquisas forem confirmadas, Fernández, um advogado de 60 anos, vencerá no primeiro turno: basta obter mais de 45% dos votos ou mais de 40% e exceder seu rival em mais de 10 pontos. Caso contrário, o segundo turno será em 24 de novembro.
A votação começou às 8h locais em um dia cinzento em Buenos Aires, com previsão de tempestades em diferentes partes do país. As urnas fecham às 18h. Os primeiros resultados começar a sair às 21h.
O governo reforçou a presença de fiscalizadores nos centros de votação de todo o país por temor a irregularidades detectadas, segundo fontes oficiais, nas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso) de 11 de agosto passado.
Os eleitores vão às urnas em meio a um contexto econômico adverso – o país está em recessão há um ano e meio, com inflação galopante, a mais alta taxa de desemprego em 13 anos e um índice de pobreza cada vez maior.
No último mês, Macri concentrou seus esforços em conquistar votos de indecisos e as abstenções para tentar levar o pleito ao segundo turno. Seus simpatizantes alertam que pode haver surpresas, já que não houve pesquisas após a enorme manifestação de apoio ao presidente no sábado em Buenos Aires.