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Ações da Rússia não são diferentes do Estado Islâmico, diz Zelensky à ONU

Em discurso ao Conselho de Segurança, presidente ucraniano voltou a pedir investigações transparentes com cooperação máxima de instituições internacionais

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 abr 2022, 13h29 - Publicado em 5 abr 2022, 12h25
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  • Em discurso em vídeo ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, detalhou nesta terça-feira, 5, o que viu durante sua visita à cidade de Bucha, ao norte de Kiev, onde mais de 400 corpos foram encontrados nas ruas após a retirada de tropas de Moscou. As práticas usadas, segundo ele, “não são diferentes das empregadas por outros terroristas, como o Estado Islâmico”.

    “Retornei ontem da nossa cidade de Bucha, liberada recentemente das tropas russas, não muito longe de Kiev. Não há um único crime que não cometeram. O Exército russo procurou e matou deliberadamente qualquer um que servia nosso país”, disse. “Eles atiraram e mataram mulheres do lado de fora de suas casas, eles mataram famílias inteiras, crianças e adultos, e tentaram queimar seus corpos”.

    Segundo o presidente, haveria uma “política consistente de destruir a diversidade étnica e religiosa, então inflamam guerras e as lideram deliberadamente de maneira a matar o maior número possível de civis”. “Algumas delas foram baleadas nas ruas, outras foram jogadas em poços para que morressem. Há sofrimento. Foram mortos em apartamentos, explodidos por granadas em suas casas”.

    A Procuradoria Geral da Ucrânia divulgou neste domingo que 410 corpos foram encontrados nas ruas dos subúrbios do norte de Kiev, após a retirada das tropas de Moscou. Segundo o governo ucraniano e de acordo com imagens difundidas por veículos internacionais, os corpos apresentavam sinais de terem sido sumariamente executados. As vítimas estariam trajando roupas civis e muitas estavam com as mãos atadas.

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    Diante do cenário descrito, Zelensky instou o Conselho de Segurança a fornecer garantias de segurança à Ucrânia.

    “Onde está a segurança que o Conselho de Segurança precisa garantir? Não está lá. Embora exista o conselho.Onde está a paz? Aquelas garantias que as Nações Unidas precisam garantir?”, perguntou aos presentes.

    Definindo as ações russas como “crimes de guerra”, Zelensky voltou a pedir investigações minuciosas e transparentes, com cooperação máxima de instituições internacionais e envolvimento do Tribunal Penal Internacional.

    Em nota emitida no domingo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse estar “profundamente chocado com as imagens de civis mortos em Bucha”. Ele pediu uma investigação independente que leve à prestação de contas.

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    Mais cedo nesta terça-feira, o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) disse estar revisando vídeos e materiais recebidos sobre a situação em Bucha, e que análises preliminares “parecem sugerir” um assassinato de civis de forma deliberada, de acordo com a porta-voz Liz Throssell. 

    Segundo Throssell, as imagens em que corpos aparecem com as mãos amarradas ou queimadas poderiam indicar que os agressores visavam deliberadamente essas vítimas, o que poderia elevar a gravidade dessas violações aos direitos humanos cometidos durante a invasão à Ucrânia, se os fatos forem confirmados.

    “Na semana passada, a Alta Comissária Michelle Bachelet já falou de possíveis crimes de guerra no contexto de bombardeios a infraestruturas civis, mas isso aparenta ser um assassinato direito de civis”, disse a porta-voz, que admitiu haver a necessidade de comprovar as imagens. “Em incidentes específicos, são necessárias análises forenses, monitoramento e coleta de informações, para determinar quem fez o que”.

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