Selar um acordo de livre comércio com o Mercosul após 20 anos de negociações é a “prioridade número um” da União Europeia (UE), afirmou nesta quinta-feira, 13, a comissária de Comércio do bloco, Cecilia Malmstrom.
As negociações da UE com o Mercosul, o quarto maior bloco comercial do mundo, se intensificaram desde que as discussões do acordo comércio entre a Europa e os Estados Unidos foram congeladas, por determinação do presidente americano, Donald Trump. Também contribuíram as mudanças de governo no Brasil, em 2016, e na Argentina, em 2015.
No entanto, os nervos da UE em relação a uma onda de importações de carne bovina e a hesitação do Mercosul sobre a abertura de seu mercado a setores industriais europeus, como o automobilístico, impediram o consenso final. Agora, o acordo pode estar próximo, mas fora do alcance.
Malmstrom disse que não deseja definir um novo prazo final para a conclusão do acordo, mas ressaltou acreditar que o acerto possa ser fechado durante o mandato atual Comissão Europeia, que vai até o final de outubro.
“Há alguns assuntos complicados faltando – agricultura e alguns outros… Eu acho que há uma janela agora para fechar isso, durante esta Comissão. Eu absolutamente farei o meu melhor. Esta é a prioridade número um agora”, disse ela em evento organizado pelo centro de pesquisa Bruegel em Bruxelas.
Malmstrom disse que os dois lados estavam se aproximando, com ofertas já feitas por produtos agrícolas menos radicais.
Em termos de redução de tarifas, poderia ser o acordo comercial mais lucrativo da UE até agora. “Seria um sinal extremamente poderoso… Por razões econômicas, estratégicas e políticas, tudo fala a favor disso”, disse Malmstrom.
Em visita à Argentina na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro disse que o Mercosul assinaria em breve o acordo comercial com a UE. O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, chegou a afirmar em Buenos Aires que o pacto poderia ser concluído no final deste mês em reunião ministerial.
As negociações técnicas para um acordo entre UE e Mercosul se iniciaram em Buenos Aires em abril de 2000 e desde então, foram realizadas mais de 30 rodadas de negociação, um processo complexo, inclusive com bloqueios de muitos anos.
As conversas tiveram um marco em maio de 2016 com uma troca de ofertas de acesso a mercados e, desde então, houve 15 reuniões de negociação, a última delas em maio na capital argentina.
(Com Reuters e EFE)