A senadora argentina Cristina Kirchner, ex-presidente envolvida em vários casos de corrupção, lança nesta quinta-feira, 9, em Buenos Aires, seu livro de memórias “Sinceramente”. O lançamento restrito para 1.000 convidados será o primeiro ato público da campanha eleitoral de Cristina, vista como a principal adversária do presidente Maurício Macri nas eleições de outubro para a Casa Rosada.
A noite de autógrafo da ex-presidente é o evento mais badalado da 45ª Feira do Livro, em Buenos Aires, que ocorrer nesta semana. Desde quarta-feira, quando chegaram nas livrarias, 200.000 exemplares da obra de Kirchner foram vendidos, o que “Sinceramente” um best-seller.
Para os cerca de 4.000 visitantes da feira que não terão acesso à sala em homenagem ao escritor Jorge Luís Borges, onde ocorrerá o lançamento, a organização do evento manterá telões para exibir as imagens.
O lançamento ocorre semanas antes de ela ir a julgamento por corrupção. A promotoria concluiu a acusação de que ela liderou um esquema com empresas para o pagamento de propinas durante seus anos no poder. Com imunidade parlamentar, a senadora dificilmente irá para a prisão ou perderá seu mandato. Mas sua imagem ficará prejudicada. Cristina negou várias vezes as acusações.
Cristina Kirchner ainda não fez o anúncio oficial de sua candidatura, que é dada como certo. Sua assessoria avisou que ela não o fará nesta quinta-feira. As intenções de voto para ela têm subido diante do aprofundamento da crise econômica do país. Convidada recentemente por Macri para tomar parte de um acordo de dez compromissos para o futuro governo argentino. Cristina considerou a iniciativa “eleitoreira”.
A Argentina enfrenta uma inflação alta e persistente e a desvalorização acentuada do peso, problemas que derrubaram o índice de aprovação de Macri nas pesquisas de opinião e alimentaram os rumores de que Cristina pode ter sucesso em sua volta.
Coletânea de histórias pessoais de 600 páginas, o livro traz ataques aos seus rivais políticos autodenominados “peronistas militantes” e se refere ao arqui-inimigo Macri como o “caos”.
A incerteza sobre os planos de candidatura de Cristina abala os mercados locais. Investidores estrangeiros desconfiam da ex-presidente populista, que durante seu governo aumento as taxas de importação, elevou os subsídios e adotou controles monetários. Boa parte de suas políticas geraram a crise que hoje afeta todos os argentinos.
(Com Reuters)