Os legisladores democratas do Condado de Orange, na Califórnia, aprovaram uma proposta de lei para alterar o nome do aeroporto local que homenageia o ator John Wayne. O artista, que morreu aos 72 anos em 1979, foi acusado de racismo depois que uma entrevista que ele deu à revista Playboy em 1971 voltou a circular nas redes sociais. Aprovado, o texto precisa ainda ser sancionado pelo Conselho de Supervisão da Câmara Municipal.
A entrevista já havia viralizado em 2019, em meio ao debate sobre símbolos do Exército Confederado, pró-escravagismo na Guerra Civil americana (1861-1865). Na publicação, Wayne, conhecido pelos filmes de Velho Oeste em que atuou, diz que “acredita na supremacia branca”. A declaração foi dada quando o ator comentava a possibilidade de a ativista negra Angela Davis ter seu direito de lecionar revogado.
“Nós não podemos, de repente, nos ajoelhar e entregar tudo para a liderança dos negros. Eu acredito na supremacia branca até que os negros sejam educados a ter responsabilidade. Eu não acredito em dar autoridade e posições de liderança e julgamento a pessoas irresponsáveis”, disse Wayne.
O presidente local do Partido Democrata, Ada Bricño, disse em um comunicado que a mudança do nome do aeroporto era um pedido antigo da população. “Enquanto os de fora do Condado de Orange possam não saber sobre a crença de John Wayne na supremacia branca, os moradores do condado já pediam pela remoção (da homenagem) há anos”, afirmou. “Estamos vendo os novos pedidos neste momento, e é tempo para mudanças.”
Quando a entrevista viralizou, Ethan Wayne, filho de John Wayne, defendeu o pai. “Seria uma injustiça julgar alguém com base em uma entrevista que está sendo usada fora de contexto”, disse ele à emissora CNN. “Eles estão tentando contradizer como ele viveu sua vida. Portanto, qualquer discussão sobre a remoção de seu nome do aeroporto deve incluir a imagem completa da vida de John Wayne e não se basear em uma única entrevista de meio século atrás.”
A discussão sobre o nome do aeroporto ganhou mais fôlego devido aos protestos nos Estados Unidos contra o racismo e a violência policial. O episódio da morte de George Floyd, um negro assassinado por um policial branco enquanto já estava sob custódia, levou milhares às ruas e levantou debates sobre estátuas e monumentos que homenageavam notórios escravagistas no país.
No domingo 28, um projeto de lei com apoio de democratas e republicanos foi aprovado no Legislativo do estado do Mississipi. O texto prevê um novo design para a bandeira do estado, que atualmente carrega o símbolo dos confederados.