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Ahmadinejad surpreende e entra na disputa pela presidência do Irã

Iniciativa é considerada um desafio aberto à liderança religiosa do país

Por Da redação
12 abr 2017, 21h03

O ex-presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad se inscreveu como candidato à eleição presidencial de maio, contrariando o desejo da liderança religiosa do país.

Ahmadinejad, que deixou o poder em 2013, se apresentou nesta quarta-feira no ministério do Interior para fazer sua inscrição oficial como candidato às eleições presidenciais de 19 de maio, mas afirmou que não tem a intenção de voltar a ocupar o cargo, e sim de apoiar a candidatura de seu ex-vice-presidente e irmão Hamid Baghaie.

Embora o gesto, noticiado pela mídia estatal, tenha sido visto como uma tentativa do linha-dura Ahmadinejad de fortalecer a candidatura de um aliado, é também um desafio à autoridade do aiatolá Ali Khamenei, o líder supremo do Irã. Em setembro do ano passado, Ahmadinejad anunciou que não seria candidato depois de uma intervenção de Khamenei, que o dissuadiu de concorrer para evitar “a bipolarização nociva” no país.

“O guia supremo me aconselhou a não participar nas eleições e eu aceitei (…) Eu o respeito. Meu registro visa apenas a apoiar a candidatura de meu irmão”, declarou Ahmadinejad, alegando que o conselho do guia supremo não foi uma proibição para que ele disputasse a eleição.

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O período de inscrição para as eleições começou na segunda-feira e irá durar cinco dias, após os quais os inscritos terão suas qualificações políticas e islâmicas examinadas pelo Conselho dos Guardiões.

Morte política

O presidente moderado Hassan Rohani, eleito em 2013 com o apoio dos moderados e reformadores, deve se apresentar a um segundo mandato, segundo fontes próximas.

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No campo conservador, na falta de uma personalidade de projeção, criou-se em dezembro um grupo chamado “Frente Popular das Forças da Revolução Islâmica”, com o objetivo de indicar um candidato único.

Este grupo estabeleceu uma lista reduzida de cinco personalidades antes de eleger seu candidato final, que poderá ser Ebrahim Raisi, um religioso conservador que conta com um sólido apoio. Também figura nesta lista o prefeito de Teerã, Mohamad Bagher Ghalibaf.

Para o analista Farzan Saber, do Center for International Security and Cooperation da Universe la Universidad de Standford, a candidatura de Ahmadinejad é um choque.

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“Talvez queira desafiar o Conselho de Guardiães da Constituição e, no caso de Hamid Baghaie ser desclassificado, seguir na disputa”, avalia.

Segundo o especialistas, será difícil para o Conselho desclassificar Ahmadinejad, que foi presidente por oito anos.

Mas, para vários conservadores, Ahmadinejad cruzou a linha vermelha. “Assinou sua sentença de morte política”, escreveu Said Ajorlu, que dirige a revista conservadora Mosalas.

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“Fim de Ahmadinejad”, tuitou, por sua vez, o conservador Elyas Nadera, logo depois de ficar sabendo da decisão do ex-presidente.

A presidência de Ahmadinejad foi marcada pelo confronto com as grandes potências sobre o programa nuclear iraniano e suas declarações virulentas contra Israel.

Os Estados Unidos e os países europeus impuseram no início de 2012 fortes sanções contra o Irã para levá-lo à mesa de negociações, com o objetivo de limitar seu programa nuclear.

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Isso provocou uma grave crise econômica e uma inflação superior a 40%, além forte queda do valor da moeda nacional frente ao dólar.

Durante seu segundo mandato, Ahmadinejad se afastou dos conservadores, que o criticavam cada vez mais, especialmente por sua gestão econômica.

(Com Reuters e AFP)

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